Resumo |
Aphelenchoides besseyi sensu lato é o agente etiológico da Síndrome da Haste Verde e Retenção Foliar (SHVRF), responsável por prejuízos em lavouras de soja das regiões Centro-Oeste e Norte do país. Os sintomas se iniciam principalmente no final do estádio vegetativo da cultura, progredindo até a fase de colheita, sendo observado lesões necróticas angulares e deformações de folhas, engrossamento de gemas, superbrotamento, abortamento de flores e vagens, além do atraso da senescência natural da cultura. Compreender melhor o processo infeccioso da doença, como ocorre a migração do nematoide para os sítios de infecção, quais tecidos e órgãos ele infecta, são informações importantes para auxiliar no manejo da SHVRF. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi elucidar o processo infeccioso de A. besseyi s.l. em plantas de soja por meio de análises histopatológicas. Para isso, foi conduzido um experimento em casa de vegetação sob temperatura média de 28,9 ºC ± 2,3 e umidade relativa do ar com média de 82,2% ± 1,8. Plântulas da cultivar BRS 284 foram inoculadas 15 dias após a semeadura, com uma suspensão contendo 400 nematoides depositados em um chumaço de algodão acomodado na haste das plântulas. Como controle, foi utilizada a aplicação de água destilada. Após 48 h, os algodões foram removidos, sendo as avaliações realizadas nos seguintes tempos e estádios fenológicos: 48 h após a inoculação, período de incubação da doença, V6 (final do estádio vegetativo), R2 (florescimento pleno), R4 (formação de vagens) e R6 (produção de grãos). Para as avaliações, foram coletadas amostras de folhas, haste, gemas, botões florais, vagens e sementes. Fragmentos das amostras foram fixados em FAA (formaldeído - ácido acético), desidratados em série etanólica, infiltrados e incluídos em historesina. Os cortes foram feitos em micrótomo rotativo, depositados em lâminas para microscopia, corados em solução de azul de toluidina e montados em resina Permount. As imagens foram capturadas por meio de microscópio óptico, com sistema de captura de imagem acoplado. Em todos os tempos e órgãos vegetais avaliados, com exceção das sementes, observou-se a presença de nematoides e alterações anatômicas dos tecidos infectados. Os mesmos apresentaram parede celular degradada e fina, com acúmulo de compostos fenólicos, ruptura das células do mesófilo, colapso celular e formação de cavidade nos espaços intercelulares. Também foi observada a presença de nematoides tanto no interior dos tecidos, como externamente. Baseado nessas observações, conclui-se que A. besseyi s.l. inicia seu processo infeccioso 48 h após sua inoculação, infectando diferentes órgãos da planta ao longo do ciclo da cultura, se comportando como um endoparasita migrador. |