Resumo |
Por apresentarem sementes minúsculas e carentes de reserva de energia, as orquídeas são plantas que dependem de endófitos fúngicos micorrízicos para obtenção de carbono, fósforo e nitrogênio durante a germinação em ambiente natural. A propagação simbiótica in vitro é um método de produzir mudas uniformes e de boa qualidade fitossanitária em tempo relativamente curto. Com isso em mente, estudos de diferentes interações simbióticas tornam-se importantes para selecionar aquelas que têm potencial aplicação na propagação de orquídeas. Plantas adultas em condições naturais são importantes fontes de endófitos. Por isso, endófitos de orquídeas amplamente distribuídas, como Epidendrum secundum, são muito estudados para cultivo daquelas de interesse comercial e de conservação, como Cattleya walkeriana. O objetivo deste trabalho foi avaliar a germinação e o desenvolvimento de protocormos de C. walkeriana inoculadas com endófitos micorrízicos de E. secundum. Raízes de E. secundum foram lavadas, desinfestadas (etanol 70% por um minuto, hipoclorito de sódio 0,5% de cloro ativo por seis minutos, três enxagues em água destilada esterilizada) e cortadas para observação e isolamento dos endófitos em meio Batata Dextrose Ágar. Quatorze isolados foram obtidos e caracterizados, apresentando cor creme, micélio aéreo escasso ou moderado, margem uniforme, submersa e aspecto liso ou aveludado, e divergência no diâmetro e raio de crescimento. Nove isolados apresentando diferentes características (D1R1A, D1R1C, D1R1D, D1R1E, D1R2E, D1R3D, P1R1C, PR2E e PR4A) foram inoculados em placas de Petri contendo meio de cultura Ágar Aveia (Aveia 4g/L, Ágar 7,5g/L, água destilada e pH 5,6) com sementes de C. walkeriana desinfestadas (hipoclorito de sódio 0,5% de cloro ativo por 10 minutos, três enxagues em água destilada estéril). As placas foram incubadas em fotoperíodo de 12h de luz e a 25ºC. Aos 40 dias de incubação, os protocormos foram classificados nos estágios 0 = não ocorreu germinação, 1 = embrião bem desenvolvido dentro do envoltório e formação de rizóides, 2 = rompimento da testa, 3 = aparecimento do pró-meristema e 4 = início da formação da primeira folha. O Índice de Crescimento e a Germinação Total de Sementes foram calculados. Os isolados D1R1D, D1R2E, D1R3D e P1R1C estimularam a germinação até o primeiro par de folhas, estágio 4. D1R1D, D1R2E e P1R1C germinaram entre 15 e 23% das sementes. O isolado P1R1C destacou-se por promover o maior índice de crescimento. Não houve germinação sem inoculação de endófito e nem com a inoculação de D1R1A, D1R1C, D1R1E, PR2E e PR4A, sugerindo que esses não se associam com C. walkeriana. Logo, as diferentes respostas aos endófitos confirmam que fungos de orquídeas não hospedeiras apresentam potencial aplicação na propagação de C. walkeriana, tal como, supõe-se que alguns isolados podem ter relação específica com E. secundum. |