Resumo |
A bactéria do gênero Salmonella sp. é um dos patógenos mais conhecidos por causar diversas doenças em humanos e animais através de diversos alimentos, como carnes, ovos e produtos lácteos contaminados. Pertencente à família Enterobacteriaceae, ela é considerada uma bactéria multirresistente a várias classes de antibióticos, e devido a isso é necessário o uso de controle alternativos como a fagoterapia, na qual utiliza bacteriofagos como biocontrole microbiano. O objetivo deste trabalho é o isolamento e caracterização do bacteriofago litico SalESG15 para biocontrole de diferentes cepas de Salmonella enterica. Foram utilizadas neste trabalho 13 cepas de S. enterica. O fago SalESG15 foi isolado através do método de enriquecimento a partir de amostras coletadas da rede de esgoto do município de Viçosa. A cepa utilizada como hospedeira de isolamento foi a S. Typhimurium ATCC 14028. O título viral, quantificado por meio do plaqueamento por dupla camada de água, foi igual a 1x109 UFP/ml. Para concentração viral foi utilizado PEG 8000 10% p/v. Para triagem do espectro de hospedeiro foi utilizado o teste do gotejamento. Esse teste revelou que o fago SalESG15 foi capaz de alterar o tapete bacteriano de outros sorovares de S. enterica (Enteritidis, Infantis, Panamá, 1,4,[5],12;i;1,2, Derby 1 e Heidelberg 62623), mas não foi conclusivo. Assim, para uma avaliação mais precisa, foram realizadas curvas de crescimento utilizando diferentes MOIs: 0,01; 0,1; 1; e 10. Observou-se que o fago SalESG15 não causou redução significativa no crescimento dos sorovares Infantis, Panamá, 1,4,[5],12;i;1,2 e Derby 1 em nenhum dos MOIs testados, mas foi capaz de diminuir o crescimento de sua bactéria hospedeira, S. Typhimurium e dos sorovares Enteritidis e Heidelberg 62623, especialmente quando utilizado o MOI 0,01. Os resultados mostraram que o fago é um promissor agente para o biocontrole de S. Typhimurium, um importante patógeno alimentar. Além disso, esse fago também pode ajudar a controlar o crescimento de outras cepas importantes de S. enterica, como Enteritidis e Heidelberg. Esse fago apresenta capacidade de atingir título viral alto (109), e gera bons resultados mesmo em concentrações baixas (MOI 0,01), características interessantes quando se trata de produção e aplicação de fagos em larga escala. Análises mais aprofundadas de genoma e de estabilidade devem ser conduzidos a seguir a fim de investigar melhor as características desse fago e sua possível utilização na formulação de coquetéis para o biocontrole desses patógenos. |