Resumo |
Este relato trata do ensino dos Jogos e Brincadeiras em turma do Ensino Fundamental II, em uma Escola Estadual em Viçosa/MG, como ação da Residência Pedagógica. Conteúdo previsto no Plano de Curso em Minas Gerais, para a Educação Física, visava abordar o conteúdo vivenciado na Cultura Indígena e Afro-brasileira. Tal proposta foi um desafio para os residentes, em função da falta de profundidade desse conhecimento, assim como na construção de uma proposta de ensino. Nosso propósito aqui é refletir sobre os desafios e perspectivas do trato pedagógico dos Jogos e Brincadeiras relacionados às Culturas Indígena e Afro-brasileira. Seguindo o Plano de Curso, foi possível organizar 4 aulas para Jogos e Brincadeiras das Culturas Indígena e Afro-brasileira. Propomos referente à Cultura Indígena: “Cabo de Guerra”, “Briga de Galo”, “Corrida do Saci” e “Queimada”. Essas atividades estavam inseridas em um planejamento que almejava refletir sobre a Cultura Indígena e sua relação com a sociedade brasileira atual. Quanto à Cultura Afro-brasileira, planejamos: “Capitão do Mato”, “Mamba” e “Pegue a Calda”, as quais estavam inseridas em planejamentos que almejavam refletir sobre os Africanos no Brasil e os debates atuais sobre racismo e preconceitos que se reproduzem na nossa sociedade. A experiência do trato pedagógico do conteúdo proposto possibilita relatar perspectivas e desafios. Como perspectivas, ressaltamos os estudos e encontros para debates que foram necessários no sentido de qualificar nossa formação e intervenção. Por outro lado, os desafios foram enormes – seja na seleção das atividades, na organização do trato pedagógico no sentido de problematizar temas que são caros à sociedade, e a execução das aulas. Em uma das aulas, nos deparamos com o que podemos entender hoje como o maior desafio: com propósito de refletir sobre a reprodução de práticas representativas do período da escravidão, trabalhamos a atividade “Capitão do Mato”, que reproduz o cenário desse momento triste da história, em que como uma “polícia e ladrão”, tinha os personagens substituídos por personagens do processo de escravização. Tal atividade, após contextualização e reflexão sobre período da escravidão no Brasil, foi trabalhada na quadra, causando estranhamento dos alunos da turma, que, no momento, não se pronunciaram, mas em casa, compartilharam com a família. Faltou, para nós, residentes, situarmos mais a atividade reforçando os propósitos do uso da atividade na conscientização contra o racismo, e não seu reforço. Contudo, na aula seguinte, reforçamos o propósito e compartilhamos o sentimento que, por mais que o plano de aula estava bem alinhado, a execução não se deu como esperado. Concluímos que para tratarmos temas como esses, necessitamos de uma preparação que extrapola o conhecimento específico da área, exigindo conhecimento das Culturas em questão, de estratégia metodológica adequada, e, principalmente, inserir o aluno como parte ativa na construção do conhecimento. |