Resumo |
Ao longo dos anos, o gênero de distopias e obras produzidas por mulheres eram marginalizados pelo cânone literário. Historicamente, literaturas de autoria feminina são consideradas inferiores, pois mulheres são socialmente vistas como o Outro e menos sujeitos que homens (BEAUVOIR, 2016). Na contemporaneidade o gênero de distopias está cada vez mais popular, principalmente as distopias de autoria feminina. É importante que a crítica literária acompanhe essa mudança redefinindo o cânone. Umas das distopias mais populares é a Who Fears Death (2010), escrita por Nnedi Okorafor, autora estadunidense de ascendência nigeriana, que escreve fantasia, ficção especulativa e ficção científica. Sua novela Binti rendeu os prêmios Hugo e Nebula em 2016. Sua obra, Who Fears Death, se passa em um mundo distópico pós-apocalíptico, ambientado em um cenário pós-colonial na África. Com uma narrativa rica e complexa, o livro aborda temas como identidade, ancestralidade, gênero e poder, explorando questões sociais e políticas de maneira impactante e envolvente. A personagem principal, Onyesonwu, vive sob estigma e violência. Conforme observamos na distopia, associadas à natureza sensível, em contraste à cultura racional relacionada aos homens, mulheres são historicamente desumanizadas e a dominação do homem sobre a mulher acaba sendo legitimada (FONTES, 2021). Nesse contexto, esta pesquisa analisa a relação entre sentimentos, natureza e magia na distopia Who Fears Death, de Nnedi Okorafor. Mais especificamente, buscamos compreender a dicotomia natureza/cultura, discutimos os papéis de gênero e, por fim, relacionamos magia e humanidade. O arcabouço teórico metodológico dessa pesquisa é o ecofeminismo, a crítica literária feminista e os estudos distópicos. Pesquisar um gênero marginalizado pelo cânone literário, como a distopia, com uma obra escrita por uma mulher negra de ascendência nigeriana, é realçar a diversidade cultural e destacar sujeitos não tratados como protagonistas. A pesquisa é relevante na crítica literária para expandir esse cânone e trazer conhecimentos sobre a obra distópica. |