Resumo |
As abelhas sem ferrão são um grupo extenso de abelhas que são essenciais para a manutenção dos ecossistemas tropicais e neotropicais, responsáveis pela polinização, além de agirem como bioindicadores. A Melipona capixaba pertencente ao grupo de meliponíneos, é uma espécie endêmica do Espírito Santo, e está em sério risco de extinção. Além disso, essas abelhas têm um papel socioeconômico de extrema importância para produtores e vendedores de mel e cera. A fim de minimizar os danos antrópicos causados por agentes estressores, a exemplo dos agroquímicos, na saúde desses insetos, o presente estudo foi elaborado com o objetivo isolar e identificar microrganismos potencialmente benéficos associados ao intestino de M. capixaba. O experimento foi iniciado a partir da coleta de abelhas, no Espírito Santo, na região do Parque Estadual do Forno Grande e Parque Estadual da Pedra Azul. As amostras foram coletadas em três paisagens diferentes: área predominantemente natural, agrícola e urbana. Em seguida, as abelhas foram dissecadas com o auxílio do microscópio estereoscópio para a retirada dos intestinos que foram macerados em solução de caldo BHI para o posterior isolamento dos microrganismos associados. As amostras de intestinos foram diluídas e 5 µL de cada diluição foram inoculados em 250 µL de meio. Após 24 - 48 horas de incubação, 10 µL das amostras foram plaqueadas em meio de cultura e incubadas em jarras de anaerobiose a 32ºC por 24-72 horas. As colônias dos isolados que apresentaram macromorfologia diferentes tiveram seu DNA extraído, seguido da amplificação por PCR do gene 16S rRNA, e enviadas para o sequenciamento de Sanger. As sequências foram identificadas por meio da pesquisa por similaridade no BLAST e análises filogenéticas no programa MEGA11. Dos 39 isolados obtidos, foram identificadas 7 famílias diferentes, sendo três bactérias da família Acetobacteraceae, seis Enterobacteriaceae, uma Erwiniaceae, oito Hafniaceae, treze Lactobacillaceae, sete Streptococcaceae e uma Yersiniaceae. Dentre eles, 15 isolados foram provenientes de abelhas de ambiente predominantemente natural, 7 de área urbana e 17 de área agrícola. A partir disso, é possível concluir que é possível isolar microrganismos de abelhas provenientes das diferentes paisagens estudadas, sendo necessários trabalhos futuros para a caracterização desses isolados quanto ao seus potenciais biotecnológicos e probióticos para a saúde de abelhas expostas a agroquímicos e outros agentes estressores. |