Resumo |
Introdução: As prevalências de excesso de peso e de comorbidades associadas aumentaram em crianças e adolescentes brasileiros nas últimas décadas, sendo essa situação agravada pela ocorrência da pandemia da COVID-19 nos últimos anos.Objetivo: Avaliar a evolução do excesso de adiposidade corporal, pressão arterial elevada e hiperinsulinemia da infância à adolescência, após sete anos de seguimento. Materiais e Método: Esse estudo faz parte da Pesquisa de Avaliação da Saúde do Escolar da Universidade Federal de Viçosa (PASE/UFV). Trata-se de uma investigação longitudinal, cujo estudo de seguimento inclui dados parciais de adolescentes de 15 e 16 anos avaliados em 2022/2023, sendo a linha de base investigada com crianças de 8 e 9 anos em 2015/2016. O percentual de gordura corporal foi investigado por meio do dual energy X-ray absorptiometry (DXA), sendo considerados elevados os valores acima de 25% para meninos e 30% para meninas (Lohman, 1987). A pressão arterial foi aferida com os indivíduos em repouso,em três momentos diferentes, e classificada de acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2020). Além disso, as concentrações séricas de insulina foram analisadas após coleta de sangue e classificadas segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005). Esses critérios foram incluídos como fatores de risco cardiometabólico. Por meio da regressão logística, foi obtida a odds ratio (OR) e o intervalo de confiança de 95% (IC95%) para estimar a associação desses fatores de risco cardiometabólico na infância e na adolescência, ajustado pela idade, sexo, renda per capita e tempo de tela. O nível de significância adotado foi 5%. Os projetos da linha de base e da etapa de seguimento foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (pareceres 663.171/2014 e 4.982.479/2021). Resultados: Foi avaliada uma subamostra de 136 adolescentes que participaram da linha de base e da etapa de seguimento, dos quais 55,9% eram do sexo feminino. Houve um aumento significante das prevalências do excesso de adiposidade corporal (44,8 versus 63,4%, P<0,001), pressão arterial elevada (8,1 versus 26,7%, P<0,001) e hiperinsulinemia (3,0 versus 9,6%, P=0,02) durante o período de seguimento de 7 anos. Crianças com elevada adiposidade corporal (OR: 21,4; IC95%: 6,5 – 70,8; P<0,001) e pressão arterial elevada (OR: 9,0; IC95%: 2,2 – 37,3; P=0,003) apresentaram maiores chances de terem essas alterações na adolescência. Conclusão: Observou-se um aumento das prevalências dos fatores de risco cardiometabólico desde a infância até a adolescência, sendo importante a maior conscientização dos pais, educadores e profissionais da saúde para a prevenção da obesidade e de comorbidades associadas em fases precoces da vida. |