Resumo |
O presente projeto, que se encontra em andamento, intenciona, a partir da teoria sociolinguística de Bagno (1999) e de Coelho et. al. (2019), apoiado também na teoria de Butler, estudar a formação da identidade social de pessoas a partir de sua existência linguística, explicando a geração de termos identitários para a definição de diferentes grupos sociais, marginalizados ou não, assim como também o subsequente apagamento destas identidades, novamente a partir da linguagem. Estudaremos um dos mais recentes esforços linguísticos para inclusão social, ou seja, o cunho da chamada linguagem neutra (ou não binária). Esforços estes que, no entanto, acarretaram uma discussão política a respeito do controle da língua portuguesa no Brasil, totalizando mais de vinte projetos de lei proibindo inteiramente o uso deste tipo de linguagem dentro do território brasileiro. Objetivamos com o projeto a observação destes projetos de lei, assim como a forma como uma parcela da sociedade brasileira enxerga a linguagem neutra. Para tanto, foram selecionadas reportagens de diferentes jornais e revistas, separados a partir de uma seleção em sites online de pesquisa, observando quais seriam aqueles mais quantitativamente relevantes, ou seja, que tivessem mais resultados, ao fim, foram definidos como corpus de pesquisa 10 reportagens dos três sites de notícia: a Carta Capital, a Exame e a Jovem Pan, totalizando 30 reportagens, que, após próximo afunilamento serão reduzidas a duas reportagens de cada grupo. Estas seis reportagens serão analisadas sócio-discursivamente a partir da teoria discursiva de Charaudeau, buscando entender a formação do ethos discursivo dos autores das reportagens e artigos de opinião. Até o presente momento, as análises preliminares indicam que, dentre as reportagens selecionadas, diversas incluem a utilização de linguagem de cunho qualitativo, positiva ou negativa, e que, de maneira consistente, as reportagens que indicam linguagem qualitativa, demonstram uma percepção de língua bem divergente, algumas percebendo-a em um ponto de vista mais social enquanto outros percebem a linguagem como rígida e estrutural, ou seja, focada no ideal da gramática normativa. |