Resumo |
Nas últimas décadas o estudo de bactérias multidroga resistente - MDR tornou-se um tema amplamente discutido ao redor do mundo. Este grupo apresenta resistência a diversos antibióticos de interesse em tratamento médico e médico veterinário, prejudicando a eficácia dos antibióticos no tratamento de várias doenças. Entre os diversos princípios ativos, a colistina e os β-lactâmicos são amplamente investigados, pois essas drogas são consideradas importantes quanto a sua eficácia em diversas doenças ou como a última droga de eleição em tratamentos. Deste modo, o objetivo desse trabalho foi investigar o perfil de resistência fenotípica e genotípica à colistina e aos β-lactâmicos de isolados de E. coli (n= 235) oriundos de bovinos (n=106), suínos (n=100) e trabalhadores (n=29) de um abatedouro misto. O método de disco difusão foi realizado na avaliação da resistência aos β-lactâmicos, sendo amoxicilina (10μg), ampicilina (10μg), cefaclor (30μg), cefazolina (30μg), cefepime (30μg), cefotaxima (30μg), ceftazidima (30μg), ceftriaxona (30μg), imipenem (10μg), meropenem (10μg) e aztreonam (30μg) os antibióticos testados. Especificamente para colistina, a Concentração Inibitória Mínima foi conduzida seguindo protocolos oficiais. A investigação dos genes de resistência à colistina (mcr-1 a mcr-5) e aos β-lactâmicos (blaTEM, blaCTX-M, blaSHV, ampC) foi realizada por meio da PCR. Os isolados fenotipicamente resistentes à colistina tiveram o complexo pmrAB sequenciados e analisados. Entre os antibióticos testados, ampicilina (bovinos: 2,8%, suínos: 60%, humanos: 24,1%) e amoxicilina (bovinos: 2,8%, suínos: 60% e humanos: 24,1%) foram os princípios ativos mais reportados. Além disso, os isolados de origem suína apresentaram maior frequência à colistina (13%) quando comparados aos outros grupos. Somente um isolado de suíno foi classificado como β-lactamase de espectro estendido. O perfil genético dos isolados contemplaram a presença do gene blaTEM (suínos: 67%, humanos: 24,14%), além de um isolado suíno ampC positivo. O sequenciamento do complexo pmrAB resultou na detecção de diversas mutações no gene pmrA (T31S, P42A, I128N, G144S) e no gene pmrB (H2R, N358Y, D283G e K15I). Os resultados deste estudo alertam sobre a resistência antimicrobiana presente na cadeia produtiva e levantam a influência dos alimentos de origem animal na disseminação da resistência. Além disso, a presença de mutações pontuais em sistemas regulatórios possui papel importante como fator causador de resistência à colistina. Salienta-se que este projeto foi aprovado pela Comissão de Etica no Uso de Animais (CEUA) da UFV número de protocolo 49/2019 e Comitê de Ética em Pesquisa com seres Humanos (CEP) número de protocolo 3.366.306. Agradecimentos: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, Código de Financiamento 001), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). |