Resumo |
O leitelho é um coproduto da fabricação da manteiga, rico em fosfolipídeos e lipoproteínas, e cuja composição centesimal é similar à do leite desnatado. O aproveitamento do leitelho permite o desenvolvimento de produtos de alto valor nutricional, com baixo custo e de forma sustentável. Este trabalho teve como objetivo utilizar o leitelho como substituto parcial do leite para a produção de Queijo Minas Frescal. Foram produzidas quatro formulações com diferentes proporções de leite:leitelho (100:0; 90:10; 80:20 e 70:30), que foram analisadas quanto ao rendimento, textura instrumental, análise de aceitação sensorial utilizando escala hedônica de 9 pontos e teste de intenção de compra. Os rendimentos técnico e ajustado (kg de queijo/ 100kg de leite) com relação à porcentagem de leitelho foram maiores para os queijos com mais leite em sua composição, sendo que os rendimentos dos queijos com 90% leite + 10% leitelho foram de 17,03 e 16,08, respectivamente, para o queijo com 80% leite + 20% leitelho foram de 17,29 e 15,26, e para o queijo com 70% leite + 30% leitelho foram de 16,86 e 14,44, respectivamente. Na análise instrumental de textura, a diferença de adesividade e coesividade entre as amostras não foram significativas (p>0,05). No entanto, dureza, mastigabilidade, gomosidade e elasticidade apresentaram diferenças entre as amostras (p<0,05), havendo uma diminuição significativa da dureza para os queijos com maiores quantidades de leitelho. A mastigabilidade e a gomosidade, parâmetros derivados da dureza, foram maiores para o queijo com a formulação 90:10 e menores para o queijo 70:30. Na análise de elasticidade, os resultados não apresentaram diferenças significativas para as formulações com 100% leite e com a proporção 80:20, diferindo apenas da formulação de queijo 70:30. A formulação 90:10 não diferiu das outras formulações. Ao analisar a aceitação sensorial dos produtos, utilizando comparação de médias, verificou-se que todas as formulações com substituição parcial do leite pelo leitelho foram bem aceitas pelos consumidores (impressão global >6,71) e obtiveram boa intenção de compra, não diferindo (p>0,05) da formulação com 100% de leite e estando entre os termos “gostei ligeiramente” a “gostei moderadamente”. Ao analisar os parâmetros (aparência, aroma, textura e sabor), apenas a aparência e a textura apresentaram diferença significativa entre as amostras ao nível de 5% de probabilidade. No teste de aparência, a formulação mais aceita foi a 100% leite e a menos aceita foi a 70% leite + 30% leitelho. Já para o atributo textura, a mais aceita foi a de 80% leite + 20% leitelho e a menos aceita foi a de 70% leite + 30% leitelho. Conclui-se, portanto, que é possível utilizar leitelho como substituto parcial do leite para a produção de Queijo Minas frescal de baixo custo, sustentável, com alto valor nutricional e bem aceito sensorialmente. |