Resumo |
A Eimeriose é uma doença parasitária que atinge os enterócitos do trato gastrointestinal, sendo muito comum em rebanhos bovinos, o que causa impactos econômicos significativos em decorrência da perda de peso e atraso no desenvolvimento dos animais acometidos, além de poder se tornar fatal. Ela é causada por protozoários do gênero eimeria, do qual 12 espécies são relacionadas a infecção em bovinos. De forma geral a doença é mais frequente em animais jovens. Comumente Eimeria zuernii acomete de maneira mais intensa entre os 2 e 3 meses de vida do bezerro, culminando em surtos clínicos. Já a Eimeria bovis é mais frequente após de 3 meses de idade. Fômites para propagação da doença podem ser fezes, água ou ambiente infestado por oocistos de animais contaminados. A infecção no trato intestinal do animal sadio começa a partir da ingestão do conteúdo contaminado. Objetiva-se relatar um surto de eimeriose ocorrido no início da estação chuvosa na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão em Bovinocultura de Corte da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Após a percepção de que vários bezerros da raça nelore com cerca de 2 meses de vida apresentavam diarreia de coloração branca-acinzentada e da apatia de dois animais que apresentaram também sangue nas fezes e perda de peso, o Serviço de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais da UFV foi comunicado para que as devidas providências fossem tomadas. Amostra de fezes de dezenove bezerros foram coletadas e analisadas para contagem de OoPG, sendo que 12 amostras foram positivas para eimeria e destas, seis amostras apresentaram tão alta quantidades de oocistos que foi impossível realizar a contagem de forma fidedigna. De forma generalista, 41 bezerros foram tratados com o anticoccidiano Toltrazuril a 5% em dose recomendada por pelo médico veterinário responsável. Para os animais que aprestavam diarreia sanguinolenta, apatia e falta de apetite, também foi administrado por via intramuscular, junto à aplicação via oral do anticoccidiano, o quimioterápico sulfametoxazol associado ao trimetoprim durante 5 dias. Um animal que apresentava diarreia mais intensa recebeu também carvão ativado via sonda esofágica durante dois dias consecutivos. Todos os animais responderam de forma adequada aos tratamentos, rapidamente minimizando a incidência da diarreia de coloração branca-acinzentada e retornando a saúde normal em poucos dias. O tratamento com o carvão ativado também contribuiu com a recuperação precoce, demonstrando que o bezerro que o recebeu já apresentou maior interesse pela mamada e pelo consumo de pasto dois dias após aplicação. Conclui-se que a observação constante dos animais torna possível identificar precocemente a existência de agravos á saúde e permite tomar decisões mais assertivas antes que ocorram maiores prejuízos na criação. |