Resumo |
A acepromazina é uma fenotiazina amplamente utilizada como medicação pré-anestésica em cães, promovendo sedação de discreta a moderada. Não possui efeito analgésico, podendo causar hipotensão em cães conscientes e sadios. O objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações nos parâmetros fisiológicos e grau de sedação promovidos pela acepromazina em cães. Foram utilizadas 32 cadelas hígidas, de 2,8 ± 1,6 anos, aclimatadas por 30 minutos (min). Após esse período, foi avaliado o grau de sedação segundo a escala adaptada de Kuusela et al. (2000). Os valores fisiológicos também foram avaliados, com o registro dos valores basais através da frequência cardíaca (FC), respiratória (FR), pressão arterial sistólica (PAS) e temperatura retal (TR). Após avaliação basal, realizou-se a administração de acepromazina (ACP) 0,02mg/kg pela via intramuscular (IM). Vinte minutos após a administração da medicação pré-anestésica, os animais foram reavaliados quanto aos parâmetros fisiológicos e grau de sedação. A avaliação na escala de sedação mostrou um grau discreto após a ACP (5/15). Ressalta-se que a sedação é uma variável subjetiva, podendo ser influenciada pela escala empregada, o observador e se o estudo é cego ou não. A metodologia do estudo pode ter influenciado para um viés. A administração IM da ACP resultou em uma redução de 17% da PAS, entretanto sem hipotensão. Resultado similar ao encontrado em outros estudos em diferentes doses de ACP em cães. A principal alteração cardiovascular após a administração de ACP é a redução da PA devido ao bloqueio dos receptores a1-adrenérgicos, resultando em vasodilatação. Entretanto, estudos propõem que a redução da PA promovida pela ACP estaria relacionada à redução do índice cardíaco, e não à redução da resistência vascular periférica. A queda da PA pode ser acompanhada ou não de aumento da FC, supostamente por uma resposta compensatória, entretanto nesse estudo foi encontrada redução da FC. Os autores acreditam que o tempo de ambientação dos animais (30 min) pode ter sido insuficiente para a redução do estresse no momento de aferição dos parâmetros basais, prevalecendo assim, uma queda na FC após a administração da ACP. Os valores médios basais de FR registrados foram superiores aos fisiológicos no cão, sendo eles influenciados pelos cães ofegantes (28%). Todos os cães foram aclimatados antes das medições basais, entretanto como a FR e a FC reduziram após 20 min da aplicação da ACP, o tempo pode não ter sido suficiente. No presente estudo houve redução significativa na TR dos cães avaliados. Como já discutido, a vasodilatação proposta pelo mecanismo de bloqueio dos receptores α1 adrenérgico pela ACP, não está elucidado. Estudos de hemodinâmica refutam este mecanismo. Assim, a influência da ACP na TR parece estar mais associada à alteração na termorregulação do animal e na temperatura do ambiente. Concluiu-se que a acepromazina promoveu discreta sedação, com redução da pressão arterial nos cães sadios avaliados. |