Resumo |
O aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera terrestre vem levantando uma série de debates sobre potenciais mudanças climáticas. Neste contexto, sendo o solo o maior reservatório terrestre de carbono, é essencial entender o potencial de sequestro de carbono por ele. Logo, o objetivo do trabalho foi estimar e extrapolar o déficit de saturação de carbono (DSC) para os solos do estado de Minas Gerais. Foi utilizado o banco de dados do Projeto RADAMBRASIL (1986), sendo extraído as informações referentes a textura do solo (argila, silte e areia), carbono orgânico total (COT) e as coordenadas geográficas de 237 pontos de amostragem de Minas Gerais. O cálculo do nível de saturação de carbono (Csat), ou seja, a quantidade máxima de carbono que as partículas de silte e argila conseguem estabilizar, foi realizado conforme a equação: Csat = 0,122 + 0,03 (argila + silte). O carbono da matéria orgânica associado aos minerais (Cmam) foi estimado pela equação: Cmam = COT (0,729 + 0,03 (argila + silte)). Dado esses resultados, calculou-se o déficit de saturação de carbono, em que, DSC = ((Csat - Cmam) / Csat) *100. A extrapolação dos resultados pontuais para toda a área do estado foi feita através do método de interpolação pela ponderação do inverso da distância (IDW). Os resultados mostraram que o DSC variou de -98 a 100 %, com média de 20,4 %. Houve uma correlação positiva, baixa, porém significativa (r = 0,22, p <0,05) entre o DSC e o conteúdo de silte+argila. De maneira geral, os solos de Minas Gerais estão em classes de DSC positivos, indicando que ainda não alcançaram a saturação. Esses resultados mostram o potencial que os solos analisados possuem em sequestrar carbono da atmosfera e contribuir para a atenuação dos efeitos do aquecimento global. A presença de solos acima do nível de saturação na região do Triângulo Mineiro pode estar relacionada a amostragens em áreas de mata nativa, de solos com baixos teores de silte+argila e não condizentes com as condições agrícolas atuais. Conclui-se que os solos do estado de Minas Gerais, em sua maioria, apresentam algum nível de DSC, indicando que manejos mais conservacionistas e que visem aumentar a qualidade do solo possuem potencial de sequestro de carbono. Ressaltamos a necessidade do uso de bancos de dados maiores e mais recentes para uma melhor estimativa dos indicadores de sequestro de carbono pelo solo. |