Resumo |
As políticas de austeridade fiscal adotadas no Brasil desde 2016 se baseiam na crença de que em momentos de crise econômica e aumento da dívida pública, o governo deveria realizar um ajuste fiscal através de corte de gastos. O resultado deste ajuste seria a retomada da confiança dos agentes da economia, promovendo uma recuperação econômica através dos investimentos privados. Em oposição à ideia de austeridade, o pensamento de Keynes (1937) sustenta que em momentos de crise e estagnação econômica, o Estado teria um papel fundamental para a retomada da atividade econômica. Para o autor, quando em situações de crise e desemprego, o Estado, através de seus gastos, promoveria uma dinamização da economia. (ROSSI et al, 2016; ROSSI et al, 2019, DWECK et al, 2018; DWECK et al 2020). O objetivo do presente trabalho foi analisar os efeitos causados pelas políticas de austeridade fiscal adotadas pela União no orçamento do Instituto Federal de Minas Gerais no período entre 2016 e 2021 em decorrência da aprovação da Emenda Constitucional N° 95/2016 (Teto de Gastos). Para atingir este objetivo, foi realizada uma revisão da literatura sobre as políticas de austeridade fiscal, suas concepções conceituais, sua lógica de funcionamento e seu funcionamento. Buscamos compreender os efeitos da EC que limitou o financiamento de políticas públicas como educação e saúde. Além disso, foi analisado a evolução dos repasses orçamentários para o IFMG no período entre 2016 e 2021, a partir de dados extraídos do Portal da Transparência e Plataforma Nilo Peçanha. Após a organização e sistematização dos dados, verificou-se que houve uma importante redução dos valores executados destinados ao financiamento da educação durante o período abordado. Os valores saíram de um patamar em torno de R$ 250 bilhões em 2016 para R$ 100 bilhões em 2022. No caso específico do IFMG, o orçamento de custeio saiu do patamar de R$ 111 milhões em 2015 para o patamar de R$ 65 milhões de 2021, uma queda de 41,4%. Esta situação de corte orçamentário de custeio é crítica para o funcionamento do IFMG, especialmente quando levamos em consideração o número de matrículas na instituição. Conforme levantado nesta pesquisa, houve um importante crescimento do número de matrículas ao longo do período entre 2017 e 2021, saindo de 16.815 para 23.427 respectivamente. Cabe destacar que os recursos destinados ao custeio, são aqueles aplicados no pagamento de contratos de prestação de serviços, pagamento de bolsas e auxílios aos estudantes, compra de material de consumo, diárias etc. Neste sentido, podemos verificar que no caso em tela, o montante de recursos orçamentário do IFMG sofreu uma compressão ao longo dos últimos anos ao passo que o número de matrícula aumentou. Consequentemente, esse déficit orçamentário é sentido na diminuição do número ou redução do valor das bolsas de pesquisa e extensão bem como dos auxílios estudantis podendo afetar a permanência de um determinado segmento de alunos da instituição. |