Resumo |
Introdução: A febre maculosa (FM) é uma doença infecciosa aguda não-transmissível, de impacto em saúde pública, cuja etiologia é a espiroqueta gram-negativa Rickettsia rickettsii. Ela é transmitida pela picada de carrapatos infectados, destacando-se o Amblyomma cajennense, que atua como vetor e reservatório. Mamíferos e aves silvestres também podem ser reservatórios. O homem é um hospedeiro acidental e não há propagação pessoa-pessoa. O quadro clínico é agudo, multissistêmico, inespecífico e variável. O exantema de evolução centrípeta acometendo palmas das mãos e solas dos pés é um achado marcante, mas pode não estar presente. A apresentação da FM pode se assemelhar à meningococcemia, dengue, Chikungunya, outras rickettsioses e Doença de Lyme. A menor letalidade associa-se ao diagnóstico precoce e ao estabelecimento da terapêutica adequada. Logo, a suposição diagnóstica de FM é essencial para o prognóstico. Objetivos: Explorar os principais aspectos da FM, indicar as principais dificuldades com relação ao seu diagnóstico e a importância dessa conjectura enquanto fator determinante da letalidade. Metodologia: Foi realizada busca sistemática nas bases de dados Scielo e PubMed, com os descritores: Rickettsia rickettsii// AND fever AND exanthema OR Diagnosis, Differential; febre maculosa AND diagnóstico diferencial, nos últimos dez anos. Foram encontrados 24 artigos, e destes, 6 selecionados. Os trabalhos incluem estudos originais, revisões sistemáticas, metanálises e guidelines. Resultados: A FM é uma doença sistêmica de início inespecífico que, se não detectada adequadamente, pode gerar óbito. A tríade clássica composta por febre, cefaléia e exantema é visualizada em menos de 5% dos casos. Algumas das complicações são: insuficiência renal aguda, coagulação intravascular disseminada e encefalite. O paciente pode apresentar alterações laboratoriais, cujos resultados podem vir com atraso, como hiponatremia e trombocitopenia. Na confirmação laboratorial, há necessidade de uso do pareamento no exame de Imunofluorescência Indireta; sendo este disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). O PCR é mais rápido, mas o acesso é menor. O tratamento com doxiciclina ou cloranfenicol é eficiente e ambos estão disponíveis no SUS. Porém, a demora na validação diagnóstica atrasa o início da conduta. Assim, no atual contexto de aumento da prevalência de casos nas regiões de São Paulo e Minas Gerais, cabe ao médico generalista considerar essa hipótese nos casos de febre e exantema, permitindo diagnóstico efetivo e tratamento adequado, o que contribui com melhor prognóstico. Conclusões: Nota-se a importância da suposição de FM em áreas endêmicas e não endêmicas no Brasil. Os profissionais de saúde devem estar cientes da epidemiologia e seu quadro clínico, além de considerar o contato recente com o vetor durante a anamnese, fatores cruciais para reduzir a letalidade da doença. |