Resumo |
O bioma Mata Atlântica é responsável pela cobertura de 15% do território nacional e já perdeu aproximadamente 90% de sua área original. Tal perda se deve à exploração desequilibrada de seus recursos naturais, refletindo numa acentuada fragmentação das áreas remanescentes. Devido à grande quantidade de espécies endêmicas sob constante ameaça de perda de habitat, o bioma é considerado um hotspot mundial, se fazendo importante avaliar as transformações dessa paisagem. O objetivo é avaliar alterações da formação florestal dentro da área de atuação do Programa Conservador da Zona da Mata. Para tal, imagens do Mapbiomas de uso e a cobertura do solo, de 341 municípios do estado de Minas Gerais foram analisadas. As imagens foram obtidas em intervalos de 5 anos, abrangendo o período de 1985 a 2021. Em seguida, as imagens foram processadas utilizando o software QuantumGIS, juntamente com o plugin Landscape Ecology Statistics. Logo após, o software Excel para realizar a análise de dados. No período estudado houve um aumento de 8,90% na área florestal, mas não foi homogêneo ao longo do tempo. No período de 1985 a 1990, foi observada uma redução de 4,26% na área de formação florestal, seguida de uma estabilização até 2005. No intervalo entre 2005 e 2021 houve o maior crescimento, chegando a 12,28%.. Em relação à área média dos fragmentos de formação florestal, constatou-se uma diminuição de 4,70%. Além disso, verificou-se um acréscimo no número de fragmentos de formação florestal de 14,27%. Evidências que podem justificar o maior crescimento de área florestal após o ano de 2005, foi a criação da Lei da Mata Atlântica (Lei nº 11.428/2006) que regulamenta a proteção e o uso do bioma. Os resultados mostram um crescimento na área florestal total, com redução na área média e o aumento do número de fragmentos, caracterizando uma expansão florestal fragmentada. Essa conformação pode provocar perda de biodiversidade, pois o fenômeno do efeito de borda, modifica o equilíbrio dos ecossistemas através da alteração das condições ambientais como luz, umidade e temperatura, além de alterações ecológicas, como a maior incidência de espécies invasoras e mudança nos comportamentos territorial da fauna. Desta forma, observamos que apesar da área total de formação florestal ter aumentado, a descontinuidade das áreas florestais ainda é uma preocupação para a conservação da biodiversidade. |