Resumo |
Leishmanioses são doenças de transmissão vetorial e integram o grupo de doenças infecciosas negligenciadas, estando presentes em regiões tropicais e subtropicais. Possuem prevalência em países mais pobres, atingindo as populações mais vulneráveis e sem saneamento básico. São causadas por protozoários parasitas intracelulares de mais de 20 espécies do gênero Leishmania, que são transmitidos aos humanos através da picada de um flebotomíneo fêmea infectado. A doença, em sua forma clínica mais comum, Leishmaniose Cutânea (LC) ocorre em 92 países e afeta mais de 1 milhão de novos casos por ano. Os tratamentos mais utilizados atualmente possuem alta toxicidade, baixa eficácia e longos períodos de tratamento, tornando-os ineficazes e altamente debilitantes. Por isso possui-se uma alta demanda por novos tratamentos que possam contornar estes efeitos adversos. O presente trabalho tem como objetivos produzir parasitos que expressam proteína vermelho fluorescente para testes de viabilidade celular de L. braziliensis e avaliar a citotoxicidade de óleos essenciais (OE) de Alecrim, Carvacrol, Pimenta Rosa e Manjericão e compostos sintéticos derivados de moléculas naturais (carvacrol e timol) em macrófagos (modelo de célula hospedeira) e L. braziliensis. Macrófagos RAW 264.7 foram utilizados para triagem dos 18 compostos in vitro com 5x104 cel/poço tratadas a 10µM de cada composto durante 48 h com análise de viabilidade pelo método da resazurina. A produção de Leishmania fluorescente ocorreu através da transfecção de material genético pLEXSY-cherry-sat2 comercial contendo a proteína mCherry vermelha, a seleção ocorreu com uso de antibiótico específico e diluição limitante. O ensaio de citotoxicidade mostrou que nenhum dos compostos foi tóxico para os macrófagos comprovando que eles são potenciais escolhas para os testes subsequentes de atividade leishmanicida. O OE de carvacrol apresentou um certo grau de toxicidade no teste inicial. Porém, por se tratar de um composto com muitas evidências de atividade biológica na literatura, foi direcionado para testes de determinação de CC50 em macrófago, que definiram como 68 µg/mL. Enquanto os OE de Manjericão e Pimenta Rosa não foram tóxicos na concentração testada e o Alecrim apresentou 50% de toxicidade. A produção de Leishmania fluorescente ocorreu de forma eficiente facilitando os ensaios posteriores, que serão utilizadas para avaliação da infecção em macrófagos e determinação a eficácia dos tratamentos nas células infectadas. Como os compostos e óleos essenciais demonstraram ausência (M1 a M10; AC, A2, A3, A4, A7, A8, A10, Timol) ou baixa toxicidade (OE Manjericão, Pimenta Rosa e Carvacrol na concentração de 50 µg/mL) podemos concluir até o momento que são candidatos interessantes que serão avaliados agora em macrófagos infectados com Leishmania fluorescente para determinação da atividade leishmanicida. Enquanto o OE de Alecrim, devido a toxicidade deverá ser realizado a definição do CC50 para análises posteriores. |