Resumo |
A sociedade brasileira é marcada por processos históricos de violência e exploração de determinados grupos. Lógica que se reproduz por meio do racismo, da discriminação e pelo fechamento ao diferente. Essa conjuntura está presente nas mais diversas esferas sociais, incluindo a Escola. A cultura escolar dominante prioriza o homogêneo e o comum, colocando os estudantes como receptores passivos, tratando as diferenças históricas e a diversidade de modos de existir como problemas a serem resolvidos, não como aliados à perspectiva de uma educação democrática. Nesse sentido, a narração dos conteúdos pelas/os professoras/es, alheia à experiência existencial das/os educandas/os, esvazia a palavra de sua dimensão concreta. Os currículos escolares, seguindo a linha hegemônica da Ciência, reforçam uma educação que tende a negligenciar a diversidade de conhecimentos e culturas, hierarquizando saberes. Tal realidade, se explica pela valorização do saber acadêmico em detrimento dos demais. Contexto que se reproduz no ensino de Ciências e Biologia e na formação de professores. Apesar disso, existem leis que contribuem para a mudança dessa realidade, assim como, a educação intercultural, que sendo uma pedagogia do encontro, prioriza a interação entre sujeitos, reconhecendo reciprocamente seus direitos e dignidade, envolvendo identidades culturais e questiona constantemente as estruturas de poder que geram a submissão de saberes e modos de vida. Nesse contexto, o presente trabalho visa entender como as produções científicas envolvendo a interculturalidade e a formação de professores nas Ciências são realizadas e quais suas lacunas. Para tal objetivo a pesquisa se caracteriza como qualitativa do tipo estado do conhecimento e foi elaborada a partir da pesquisa bibliográfica e as análises feitas a partir da análise de conteúdo, sendo a pesquisa de artigos realizada no portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e em anais de cinco edições do Congresso Nacional de Educação (Conedu), para as buscas foram utilizados os seguintes descritores: “formação de professores”, “intercultural” e “ciências”. Foram analisados 24 artigos, oito dissertações, e sete trabalhos do Conedu. Os resultados apontam o uso de metodologias consolidadas na área da educação, como entrevistas, questionários e pesquisas documental e bibliográfica para a coleta de dados e a análise documental para tratamentos dos dados, apontam também, a necessidade de maiores esclarecimentos, principalmente em relação a metodologia utilizada nas pesquisas realizadas, já que muitas produções não apresentavam o método de análise e/ou coleta de dados, principalmente em seus resumos, além da necessidade de maiores pesquisas na área, principalmente aquelas que promovam a elaboração de formações e materiais didáticos e que não apenas investiguem experiências já existentes. |