Resumo |
A utilização de sistemas de carreamento + liberação controlada de compostos bioativos tem sido objeto de estudos tanto no meio acadêmicos quanto nos setores de P&D de indústrias farmacêuticas e alimentícias, pois tais sistemas possuem a capacidade de aprimorar a seletividade e eficiência de incorporação dos compostos carreados. A associação de polieletrólitos com cargas opostas como a quitosana (QTS - policátion) e a carboximetilcelulose (CMC - poliânion) pode ser aplicada para se obter sistemas micro e/ou nanoestruturados, gerando materiais promissores como veículos de carreamento de biocompostos relevantes para diferentes áreas de estudo e aplicações tecnológicas. Nesse cenário, no presente projeto propôs-se o desenvolvimento de uma estratégia simples e eficiente para fabricar microcarreadores de tiamina (vitamina B1), utilizando a técnica de coacervação complexa entre QTS e CMC. Primeiramente, as dispersões dos biopolímeros (0,5 % m/v) foram preparadas separadamente. A tiamina foi adicionada à dispersão de CMC à concentração de 0,6 g/L. Por fim, as dispersões foram progressivamente misturadas, usando-se uma bomba peristáltica e mantendo-se a mistura sob agitação constante. O pH foi ajustado para 3,0; 4,0 ou 5,0. A formação de dispersões turvas e de precipitados foi visualmente aferida e fotografada. As misturas finais foram centrifugadas a 7.000g por 30 min para recuperação, no sobrenadante, dos micro-PECs presumivelmente contendo tiamina, obtidos pela complexação dos dois biopolímeros. Verificou-se que o aumento do pH, para 3,0 e 4,0, promoveu o aumento da turbidez das misturas, o que indicou a formação dos micro-complexos. Em pH 5,0 observou-se a formação de macro-PECs, indicando que máxima interação entre os biopolímeros foi atingida. Quando as dispersões turvas foram analisadas por microscopia óptica (magnitude de aumento = 100 x), observou-se a presença de partículas de formato arredondado contendo gotículas, sugerindo que houve a formação das microcápsulas com tiamina incluída. Entretanto, também foi observada a formação de fragmentos ainda menores dispersos no meio, possível indicativo de formação de nanocápsulas. Para essas últimas, experimentos com microscopia eletrônica estão em andamento, a fim de se observar sua morfologia, porosidade e padrões cromáticos sugestivos da presença de tiamina. Além disso, encontram-se em execução experimentos visando quantificar a eficiência de encapsulamento e a cinética da liberação da tiamina por esses complexos polieletrólitos formados por QTS e CMC. |