Resumo |
Introdução: O peso ao nascer tem sido associado ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) ao longo da vida, seja pela escassez, seja pela abundância de suprimento nutricional intraútero, que resulta em baixo e excesso de peso ao nascer, respectivamente. Esse processo é conhecido como programação metabólica e pode resultar em depósito excessivo de adiposidade corporal na adolescência e/ou vida adulta, que promove resistência à insulina e aumenta o risco de complicações cardiovasculares e metabólicas responsáveis pelo desenvolvimento das DCNT. Objetivo: Verificar a correlação entre peso ao nascer e percentual de gordura corporal total na adolescência. Metodologia: Os dados analisados foram extraídos de bancos de dados de teses e dissertação desenvolvidas no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição do Departamento de Nutrição e Saúde da UFV, nos anos de 2010 e 2015, as quais foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa CEP- UFV (parecer nº 2.879.661). Foram incluídos dados de gordura corporal medida pelo equipamento de absortometria de raios-X de dupla energia (DEXA: Dual Energy X-ray Absorptiometry) durante a adolescência, e de peso ao nascer desses mesmos adolescentes. O percentual de gordura corporal total (%GC) total foi classificado segundo Willians (1992) e o peso ao nascer foi classificado segundo a OMS (1995). Verificou-se a normalidade das variáveis numéricas por meio do teste de Shapiro Wilk. Foi realizada correlação de Spearman entre peso ao nascer com o %GC nos adolescentes, segundo o sexo, utilizando o software SPSS versão 20.0. Adotou-se nível de significância estatística de 5%. Resultados: Foram incluídos 881 indivíduos, dos quais, 64,7% (n=525) eram do sexo feminino. A mediana da idade foi de 15,8 (10,0 – 19,4) anos. O %GC dos adolescentes foi dividido em categorias, a partir dos valores obtidos pelo DEXA. Assim, 6,5% (n=53) apresentaram baixo %GC, 39,0% (n=316) eutrofia, 21,7% (176) com risco de excesso de gordura e 32,8% (n=266) com excesso. Já com relação ao peso ao nascer, 8,6% (n=70) teve baixo peso, 89,5% (n=726) peso normal e 1,8% (n=15) excesso de peso. O peso ao nascer se correlacionou positivamente com o %GC no sexo masculino (r=0,128; p=0,031), mas não no feminino (r=0,015; p=0,725). Conclusão: Entre os meninos, quanto maior o peso ao nascer, maior o %GC na adolescência. Ações de promoção à saúde e ao estado nutricional adequado durante a gestação são necessárias para garantir o peso adequado ao nascer e consequentemente, prevenir complicações metabólicas na adolescência, as quais podem manter ou se agravar na vida adulta. |