Resumo |
INTRODUÇÃO: O índice glicêmico (IG) é a capacidade de alimentos fontes de carboidratos em elevar a glicose sanguínea ao consumir açúcar ou pão branco. O IG é calculado através da glicemia sanguínea, 2 horas após o consumo do alimento, enquanto a carga glicêmica (CG) é a relação entre a qualidade do carboidrato ingerido e a quantidade de carboidrato total do alimento. OBJETIVO: Avaliar variáveis sociodemográficas, antropométricas e de estilo de vida de acordo com IG e CG da dieta de participantes do Programa de Atenção à Saúde Cardiovascular (PROCARDIO-UFV). METODOLOGIA: Análise transversal em subgrupo de participantes do PROCARDIO–UFV. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa e registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBec). Os indivíduos foram classificados de acordo com o tercil das variáveis IG e CG, as quais foram calculadas utilizando o consumo alimentar coletado por meio de recordatório alimentar na primeira consulta. Destarte, foi realizada uma pesquisa em tabelas nacionais e internacionais de alimentos para obter os valores de IG e a quantidade de carboidratos de cada alimento ingerido. Posteriormente, esses dados foram usados para o cálculo da CG (CG = IG x gCHO÷100). Utilizou-se características sociodemográficas (sexo e idade), de estilo de vida (tabagismo e atividade física) e antropométricas (Índice de Massa Corporal - IMC e Perímetro da Cintura - PC). As análises estatísticas foram realizadas no SPSS v.23.0, com nível de significância de 5%. As variáveis categóricas foram apresentadas como frequência relativa e o teste de qui-quadrado para avaliar a relação entre as variáveis. RESULTADOS: Amostra de 260 adultos de ambos os sexos e com idade média de 38,35土1,58 anos, demonstrou que aqueles participantes com maior CG (tercil 3) são em sua maioria homens (63%), enquanto aqueles no primeiro tercil de CG são em maioria mulheres (71,6%, p<0,001). Para a variável IG, a distribuição de homens foi maior no tercil 3 (46%), enquanto no primeiro tercil as mulheres apresentavam maior valor (72,1%, p=0,020). Os praticantes de atividade física apresentaram menor CG, visto a maioria estar no tercil 1 (64%), enquanto os não praticantes apresentaram maior porcentagem no tercil 3 (55,8%, p=0,034). Quanto ao risco aumentado para desenvolvimento de doenças cardiovasculares segundo PC, a CG foi maior em homens no tercil 3 (63,2%), e as mulheres apresentaram maior distribuição no tercil 1 (71%, p<0,001). CONCLUSÃO: O estudo encontrou diferentes perfis para o IG e CG da dieta, de modo que homens consomem alimentos que resultam em maiores IG e CG da dieta, incluindo aqueles com risco cardiovascular. Ademais, os praticantes de atividade física e mulheres, incluindo aquelas com risco cardiovascular, têm alimentação com menores IG e CG da dieta. Tais resultados podem ser úteis para traçar estratégias de educação nutricional para pessoas com risco cardiometabólico. |