Resumo |
INTRODUÇÃO: A Autocompaixão (AC),utilizada nas análises de comportamento alimentar, pode atuar na proteção contra comportamentos alimentares disfuncionais. A Resistência à Insulina (RI) representa a diminuição da capacidade da insulina de estimular a utilização de glicose, enquanto o consumo de gorduras saturadas e trans favorece a produção de colesterol LDL (LDL-c). A relação entre AC e o consumo de alimentos hiperpalatáveis com alto teor de gordura e açúcar ainda não está bem elucidada pela literatura, entretanto alguns estudos mostram que a AC melhora a ansiedade e outros comportamentos alimentares. OBJETIVO: avaliar a associação entre os níveis de AC com RI e LDL-c em mulheres com obesidade. MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal realizado com 152 mulheres adultas com obesidade, recrutadas no município de Viçosa. O cálculo amostral considerou o número de mulheres com obesidade acompanhadas pelo SISVAN em 2021 e as participantes responderam à escala de AC validada por Souza, L. K., Hutz, C. S (2016). Foi realizado exame bioquímico para dosagem de insulina, glicemia e LDL-c. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV (CEP nº 5.693.565/2022). As participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi utilizada a fórmula (Glicose em jejum (mg/dL) X 0,0555 X Insulina em jejum (uU/mL))/22,5 para cálculo do HOMA-IR e diagnóstico da RI, adotando-se como valores de referência: 4,65 para HOMA-IR e 130 mg/dl para LDL-c. Foi realizada a análise descritiva dos dados, com distribuição de frequências (variáveis qualitativas) e estimação de medidas de tendência central e de dispersão (variáveis quantitativas). A normalidade das variáveis foi avaliada pelo teste de Shapiro Wilk e foram utilizados teste Kruskal-Wallis, qui-quadrado de tendência linear ou exato de Fisher, utilizando o software SPSS versão 20.0, adotando-se como nível de significância estatística α = 0,05. RESULTADOS: a média de idade, de Índice de Massa Corporal, HOMA-IR e LDL-c das participantes foram 38,04 ± 10,78 anos; 36,7 ± 5,21 Kg/m2 ; 4,2 ± 3,24; 109,95 ± 29,66 mg/dl, respectivamente. Das participantes, 29,6% apresentaram RI e 27,6% apresentaram hipercolesterolemia. Considerando mulheres com alto nível de AC, apenas 17,4% foram classificadas com RI (p= 0,256). A mediana de HOMA-IR não diferiu entre os níveis de AC (p= 0,293). Das mulheres com alto nível de AC, 68,2% foram classificadas sem hipercolesterolemia (p= 0,328). A mediana de LDL-c não diferiu entre os níveis de AC (p= 0,891). CONCLUSÃO: embora as participantes tenham apresentado altos níveis de RI e hipercolesterolemia, os achados não demonstraram relação com AC. Outros estudos, incluindo outras abordagens do comportamento alimentar são necessários a fim de investigar esta relação em mulheres com obesidade. |