Resumo |
A Feira do Bem viver é um espaço de comercialização que ocorre junto à Troca de Saberes, da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Compreende-se que a Troca de Saberes é um evento de extensão universitária, realizado durante a Semana do Fazendeiro, nos ambientes da UFV, na cidade de Viçosa, região da Zona da Mata mineira. A Feira do Bem Viver é um espaço de comercialização criado a partir dos princípios da economia solidária e da agroecologia. Fazem parte de sua organização a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal de Viçosa (ITCP-UFV), o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), e o Núcleo de Educação no Campo e Agroecologia - ECOA. Os(as) participantes são em sua maioria empreendimentos de economia solidária (EES), agricultores(as) familiares, associações e cooperativas. O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento de informações acerca dos(das) feirantes expositores(as), no ano de 2022, a partir de questões relacionadas a gênero, raça, idade, EES e município do qual fazem parte. As entrevistas foram elaboradas e realizadas por estudantes, bolsistas e voluntários da ITCP-UFV, sendo aplicadas durante a realização da Feira do Bem viver, com os(as) feirantes do evento. Todas(os) as(os) entrevistadas assinaram o TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de acordo com os critérios para a realização de pesquisas com seres humanos. Através das entrevistas, também objetivou-se analisar quais os sentidos que os(as) participantes atribuem à Feira. Os principais resultados da pesquisa são: 63% das feirantes são mulheres, 40,7% são pretas e 52% têm entre 45 e 65 anos. Ao todo foram identificados 19 EES, de 12 municípios. Dentre os sentidos atribuídos, dividimos em categorias relacionadas ao aprendizado; agroecologia e geração de trabalho e renda; e movimentos sociais. Na dimensão do aprendizado, a maioria dos entrevistados que atribuiu a feira a esta esfera, salientam que ela promove um espaço de conhecimento popular, e de troca de experiências e saberes. Na dimensão da agroecologia, as respostas chamam a atenção pela repetição das palavras diversidade, saberes, experiências e conhecimento. A feira revela que os atores que participam desses espaços promovem processos de produção coletiva do conhecimento. Essas diferentes vozes e experiências podem contribuir para a construção de soluções contextualizadas e adaptadas às realidades locais. Na dimensão de movimentos sociais, os(as) expositores(as) reafirmaram o caráter anti-sistêmico que o espaço da Feira do Bem-viver proporciona. As bandeiras são levantadas na construção de um conjunto que organize e fortaleça a base do movimento de economia popular solidária sendo a reunião de sujeitos políticos diversos. Conclui-se que além de um espaço de socialização e troca de saberes, a feira gera trabalho e renda, especialmente para mulheres, impulsionando a economia local, as práticas de redução das desigualdades e a uma sociedade mais justa. |