Resumo |
Introdução: A qualidade do sono e a obesidade são fatores que se influenciam mutuamente. Em indivíduos com excesso de peso, a má qualidade do sono está relacionada à presença de compulsão alimentar, inflamação e síndrome metabólica. Estudos transversais sugerem que a ingestão de gordura monoinsaturada está associada à melhor qualidade do sono em gestantes. Entretanto, não está claro o efeito dessa gordura na qualidade do sono em indivíduos com excesso de peso. Objetivos: Avaliar o efeito do consumo de óleos vegetais associados à dieta restrita em calorias na qualidade do sono em mulheres com excesso de peso. Metodologia: Foram selecionadas mulheres entre 20 e 40 anos, com índice de massa corporal (IMC) entre 26 e 34,9 kg/m², sem outra doença crônica. Trata-se de um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, paralelo, com duração de 9 semanas consecutivas. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (#5.664.632). As participantes foram randomizadas em 3 grupos para receber 25 ml de azeite de oliva (rico em ácido graxo monoinsaturado), óleo de coco (rico em ácido graxo saturado) ou óleo de soja (rico em ácido graxo poliinsaturado) no desjejum e dietas com restrição de 500 kcal. Foram coletados dados antropométricos, qualidade do sono e variação na rotina diária durante o estudo (piorou, melhorou ou estável). A versão traduzida e validada para a população brasileira do The Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI) foi utilizada para avaliar a qualidade do sono das participantes, em que scores de 0 a 4 indicam qualidade do sono boa, de 5 a 10 qualidade ruim e de 11 ou mais distúrbio do sono. A análise estatística feita foi utilizando a Análise de Variância (ANOVA). Resultados: Foram incluídas 27 participantes com idade de 26,4 ± 5 anos, IMC de 29,1 ± 2,2 kg/m² e perímetro abdominal de 94,9 ± 7,1 cm. Mais da metade (59%) das participantes tinham má qualidade do sono, ou seja, 14 (52%) tinham sono ruim e 2 (7%) possuíam distúrbios do sono no momento inicial da intervenção. Em relação à alteração na rotina, 55% das participantes relataram piora na rotina e 45% relataram uma rotina estável durante o estudo. A qualidade do sono não diferiu entre os grupos após a intervenção (p=0.923). Analisando o tempo inicial e final de cada participante, também não houve mudanças na qualidade do sono (p=0,262). Entretanto, considerando a variável mudança na rotina diária, verificamos que as mulheres do grupo óleo de soja que pioraram a rotina apresentaram menor qualidade do sono do que as que mantiveram uma rotina estável (p = 0,007). Conclusão: Apesar do consumo de óleos vegetais não ter afetado a qualidade do sono, a piora na rotina diária exercida pelas mulheres afetou negativamente a qualidade do sono no grupo óleo de soja. É possível que o pequeno tamanho amostral e a curta duração deste estudo tenham afetado os resultados referentes ao efeito dos óleos na qualidade do sono. |