Resumo |
Em todo o mundo, a criminalidade e suas ramificações são reconhecidas como problemas socioeconômicos de grande relevância, exigindo a atenção e a análise de pesquisadores, políticos e representantes de toda a sociedade. No contexto brasileiro, em especial, as estatísticas relacionadas à criminalidade apresentam índices muito altos, que se desdobram em diversos problemas para o país, além de desafios relacionados ao processo de enfrentamento e responsabilização das pessoas em conflito com a lei, como as despesas diretas e indiretas com segurança pública, as rotinas jurídicas e o caso do encarceramento. Todavia, em relação a problemática do encarceramento, a literatura se concentrou em estudos e análises sobre o perfil dos encarcerados e, especialmente no caso da literatura econômica, para os seus custos. Neste contexto, este trabalho objetivou analisar a relação entre desemprego, criminalidade e encarceramento nos estados brasileiros, utilizando dados referentes aos anos de 2013 a 2020 para os 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal. Para isso, foi realizada uma análise econométrica utilizando dados em painel dos estados brasileiros por meio do uso do método de regressão múltipla com efeitos fixos (EF). Em relação as estatísticas descritivas realizadas, a taxa de encarceramento apresentou um valor mínimo de 94,74 e um valor máximo de 1.025,8 presos por 100 mil habitantes, com uma média de 352,79 presos para os estados. Paralelamente, observando os resultados obtidos para a variável taxa de desocupação, verificou-se uma média de 10,69 pessoas acima de 15 anos que estão fora do mercado de trabalho por 100 mil habitantes. Os resultados econométricos da pesquisa se mostraram robustos e indicaram uma relação positiva entre a taxa de desemprego e o encarceramento, sendo o coeficiente de aproximadamente 8,21 para o modelo com todos os controles. Em relação aos controles, a maior parte comportou-se como o esperado, mas a taxa de crimes violentos apresentou uma relação contrária, indicando não haver associação direta e positiva entre a taxa de desemprego e a ocorrência de crimes violentos. |