Resumo |
Um dos fenômenos ambientais mais discutidos nos últimos anos são as mudanças climáticas, cujos impactos afetam a população e os setores econômicos. Além disso, vários estudos indicam a tendência de agravamento desse fenômeno nas próximas décadas, o que coloca a economia em risco. Dito isso, destaca-se a importância de estudar essas alterações, para a criação de estratégias de adaptação aos novos cenários climáticos. Uma das formas de analisar essas mudanças em cenários futuros é através do uso de projeções de modelos climáticos. Entretanto, essas projeções podem apresentar vieses que afetam a análise de risco na hidrologia e agricultura. Assim, este estudo almejou avaliar diversas formas de correção de viés para modelos climáticos do CMIP6 (Coupled Model Intercomparison Project Phase 6), considerando a variável de precipitação para o território brasileiro. Foi avaliada a performance de dois tipos de correção de viés comumente aplicados, sendo eles: o linear scaling (LS), que representa um único método; e o quantile mapping (QM), com os métodos não paramétricos QUANT, PTF, SSPLIN e RQUANT. A performance foi avaliada a partir do índice Kling-Gupta Efficiency (KGE), comparando os dados brutos dos modelos e suas correções com dados observados. Em geral, os métodos do QM apresentaram melhores resultados que o método do LS. Para o LS, a região Norte foi a que pior performou, ocasionando em resultados piores que os próprios dados brutos em alguns modelos. Para esse mesmo método, a região de melhor performance foi majoritariamente o Centro-Oeste, embora ainda com resultados piores que os demais métodos do QM. O PTF também teve o Norte como região de menor desempenho e o Centro-Oeste como maior na maioria dos modelos. O QUANT e RQUANT apresentam as melhores performances, com resultados similares para todas as regiões nos modelos. O SSPLIN também obteve resultados uniformes ao longo de todo o Brasil, porém apresentou pontualmente alguns valores baixos de KGE, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. O método QUANT foi avaliado como o melhor método de correção de viés para a variável de precipitação no Brasil, considerando esses modelos do CMIP6. Apesar das similaridades dos resultados com o RQUANT, o QUANT foi escolhido devido à maior velocidade de cálculo. Os cinco modelos que melhor performaram no método QUANT para o Brasil foram: CMCC-ESM2, CanESM5, EC-Earth3-Veg, MRI-ESM2-0, e MIROC6. Por fim, o uso dos modelos pode ser otimizado com a utilização das correções de viés, e os resultados dessa pesquisa podem ser utilizados em estudos futuros, facilitando a escolha das melhores técnicas para melhorar os dados dos modelos climáticos. |