Resumo |
Em sistemas de produção intensiva de peixes, o uso de aditivos alimentares para melhorar as funções digestivas e metabólicas dos animais tem se destacado. O óleo essencial de hortelã-pimenta (Mentha piperita; OEHP) possui ações digestivas, atuando no relaxamento do trato digestório, na motilidade intestinal e secreção de enzimas digestivas. Possui também ação antimicrobiana, modulando a microbiota intestinal, e antioxidante, prevenindo processos inflamatórios. O fígado e o intestino são órgãos que estão relacionados diretamente com eficiência na absorção de nutrientes e portanto, a melhora morfofisiológica destes impacta positivamente na taxa de crescimento do peixe. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a histomorfometria intestinal e hepática de juvenis de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) alimentados com dietas suplementadas com OEHP. Para isso, foi realizado um ensaio de alimentação com juvenis de 0,58 ± 0,08 g por oito semanas, utilizando-se dietas suplementadas com 0,0; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8 e 1,0 g kg-1 de OEHP. Ao final do período experimental foram coletados fragmentos do intestino médio e fígado (n = 12) dos peixes, os quais foram submetidos a processo de desidratação e inclusão em resina para obtenção de cortes e lâminas histológicas. Estas foram coradas com Alcian Blue + PAS, fotografadas com o uso de fotomicroscópio e analisadas com software Image J®. As análises estatísticas foram realizadas com o software SAS® Studio (SAS Inst. Inc., Cary, EUA), considerando p < 0,05. No intestino foi avaliado a altura do epitélio (AE), a altura das vilosidades (AV), a largura das vilosidades (LV), a altura da lâmina própria (ALP), a altura da camada muscular total (ACM), altura das subcamadas muscular interna (AMI) e externa (AME), número de células caliciformes com mucinas ácidas (MA), mucinas mistas (MM), mucinas neutras (MN) e mucinas totais (MT). No fígado foram avaliadas a porcentagem de núcleos dos hepatócitos (NUC), capilares (CAP), glicogênio (GLI), gordura (GOR) e citosol dos hepatócitos (CIT). No intestino, de acordo com a análise de contrastes ortogonais, houve efeito quadrático do OEHP, sendo as variáveis AV (0,59 g kg-1), ACM (0,47 g kg-1), AMI (0,53 g kg-1) e AME (0,52 g kg-1) maximizadas com tais níveis de inclusão. Já para AE e LV houve efeito linear positivo dos niveis de OEHP. Para as mucinas, foi observado efeito linear positivo para MA e MT, mas não houve diferenças significativas em relação ao controle. No fígado, houve efeito linear positivo do OEHP sobre CIT e não foi observado nenhum efeito nas demais variáveis. Indícios de alterações significativamente prejudiciais à morfologia do órgão foram observados no tratamento com 0,8 g kg-1 de OEHP. Assim, os resultados histomorfométricos obtidos nos levam a concluir que o OEHP melhora a morfometria intestinal recomendando-se 0,6 g kg-1 de dieta e, que para preservar a funcionalidade hepática, não se recomenda concentrações que extrapolem 0,8 g kg-1 de dieta. |