Resumo |
Introdução: hipertensão arterial (HA) é um problema de saúde pública, sendo a patologia mais frequente dentre as doenças cardiovasculares. Sua prevalência é de 30% em escala global e de 26,3% em âmbito nacional. Uma das causas associadas à gênese da HA é o consumo alimentar rico em alimentos ultraprocessados. À mesma medida, um consumo alimentar saudável é promotor da saúde. Objetivo: avaliar a relação entre o consumo alimentar segundo o grau do processamento de alimentos e a prevalência de hipertensão arterial. Material e Métodos: estudo quantitativo transversal cuja coleta de dados foi realizada entre fevereiro e dezembro de 2022, com a aplicação de um questionário sobre estilo de vida, dados sociodemográficos e clínicos, morbidade referida individual e familiar, uso de medicamentos e consumo alimentar, aferido com o escore NOVA. As análises estatísticas foram realizadas no programa Stata/SE 13 for Windows a um nível de significância de 5%. As análises foram feitas utilizando-se frequência absoluta e relativa para variáveis categóricas, e teste qui-quadrado para verificar a diferença entre a ocorrência de exposição e desfecho. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal de Viçosa. Resultados: foram avaliados 419 participantes. Destes, 91.9% apresentava hipertensão arterial, sendo a maioria do sexo feminino (61%), maiores de 60 anos (63.9%), preta ou parda (70.9%), casada ou em união estável (56.1%), com menos de 11 anos de estudo (84.4%) e com renda per capta ≤ 1 salário mínimo. A maioria era não tabagista (54.8%) e não etilista (74.3%), sedentária (51.7%) e assistia até seis horas de televisão por dia (76.6%). Notou-se maior prevalência de HA, com significância estatística, entre pessoas com menos de 11 anos de estudo, casadas/união estável ou separadas/viúvas/outros, de 40 a 59 anos e em maiores de 60 anos, inativas fisicamente e com hipercolesterolemia e excesso de peso. Em relação ao consumo alimentar de pessoas com HA, as hortaliças mais consumidas foram tomate (40.5%), alface (31.7%), couve (31.6%) e cenoura (17.9%). As frutas que tiveram maior frequência de consumo foram banana (57.7%), laranja/tangerina (49.1%) e maçã/pera (23.6%). O consumo de feijão/leguminosas entre pessoas hipertensas foi elevado (90.1%), e, entre os alimentos ultraprocessados, os mais frequentemente consumidos foram margarina (32.2%), pão de forma (29.9%), biscoito doce (16.9%) salgadinho de pacote (16.4%) e refrigerante (12.2%). Para além, pessoas com hipertensão arterial tenderam a consumir menos de cinco tipos de alimentos ultraprocessados no dia anterior à entrevista. Ao contrário, pessoas sem hipertensão tenderam a consumir cinco ou mais alimentos ultraprocessados(4.2% vs14.7%; p = 0.007). Conclusão: o consumo de alimentos ultraprocessados foi maior em pessoas sem hipertensão e menor entre aquelas diagnosticadas com a doença. |