Resumo |
O milheto é um alimento prebiótico rico em proteínas, fibra alimentar, amido resistente, compostos bioativos, fitatos, polifenóis e minerais que exercem ação benéfica na funcionalidade e morfologia intestinal. Além disso, é importante destacar que a extrusão é capaz de aumentar o processo de fermentação, contribuindo para melhora da microbiota intestinal. Portanto, o objetivo do presente estudo é avaliar o efeito do consumo de farinhas de milheto (Pennisetum glaucum (L.) R. Br.) convencional e extrusado na saúde intestinal de ratos Wistar. Foram utilizados 24 ratos Wistar machos, recém desmamados. Os animais foram divididos em 3 grupos experimentais, que receberam as seguintes dietas: dieta padrão (DP; n=8), FMC (DP + farinha de milheto convencional; n=8) e FME (DP + farinha de milheto extrusado; n=8). O consumo alimentar e o ganho de peso foi monitorado semanalmente. No 50a dia, os animais foram anestesiados e eutanasiados por punção cardíaca. Foram coletados o conteúdo cecal e o duodeno. No conteúdo cecal foram realizadas as análises de pH fecal, quantificação de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) propionato, butirato e acetato e aplicação da escala de Bristol. A morfologia do duodeno foi avaliada através de análise histológica, no qual os fragmentos de duodeno foram corados pela técnica de hematoxilina e eosina. Nas lâminas histológicas foram avaliadas a profundidade e espessura de vilosidades e o número e diâmetro de células caliciformes. Os resultados foram submetidos aos testes de normalidade de Shapiro-Wilk e Kolmogorov-Smirnov. Foi aplicada análise de variância one-way ANOVA, seguida pelo teste post-hoc de Newman-Keuls. Para a comparação entre os grupos FMC e FME foi realizado o teste t de Student. As análises foram realizadas utilizando o software GraphPad Prism, versão 9.0 e o nível de significância estabelecido para os testes foi de 5%. Os resultados demonstraram que o consumo de FMC reduziu (p<0,05) o pH fecal e melhorou a consistência das fezes dos animais, mas não alterou (p>0,05) o peso, consumo alimentar e a concentração de AGCC, comparada ao consumo de DP. Além disso, o consumo de FME melhorou a consistência das fezes, mas não apresentou alterou (p>0,05) o pH fecal, a concentração dos AGCCs, o consumo alimentar e o ganho de peso comparado a DP (p>0,05). Entretanto, quando FMC e FME foram comparadas entre si, o grupo alimentado com FMC apresentou maior concentração de ácido propiônico e maior profundidade das vilosidades (p<0,05). O número e diâmetro das células caliciformes não diferiram (p>0,05) entre os grupos experimentais. Diante disso, é possível concluir que ambas as farinhas melhoram a consistência das fezes, no entanto, a FMC apresentou maiores efeitos funcionais nos parâmetros intestinais. |