Resumo |
Ao que indicam estudos recentes, o ozônio (O3) age no organismo de forma a provocar um quadro de estresse oxidativo, o que leva à resposta imune, antioxidante e circulatória com efeitos diretos sobre processos infecciosos e inflamatórios. Em vista disso, objetivou-se com a presente pesquisa avaliar o efeito da insuflação uterina com o gás, em relação à presença de fungos na superfície endometrial de amostras obtidas por meio de biópsia uterina. Para tanto, 28 éguas não gestantes foram alocadas nos grupos tratado (n = 18) e controle (n = 10). As éguas do grupo tratado foram submetidas à insuflação uterina com 44 μg/L de O3 a ¼ L/min, por 5 a 10 min, enquanto as éguas alocadas no grupo controle foram submetidas à insuflação uterina com O2 a ¼ L/min, por 5 a 10 min. As insuflações uterinas foram realizadas após lavagem uterina com solução NaCl 0,9%, a cada 48 horas, totalizando 3 insuflações. Foram coletadas amostras em swab uterino para isolamento fúngico antes da primeira e após a última insuflação uterina, que foram cultivadas em ágar Sabouraud por 7 dias em estufa a 25º C. Além disso, amostras de tecido endometrial foram obtidas antes e após os protocolos experimentais por meio de biópsia uterina para avaliação da presença de fungos na superfície endometrial. As biópsias foram fixadas em Bouin e imersas em resina; os cortes histológicos feitos com 3 μm de espessura e as lâminas coradas com ácido periódico de Schiff (PAS) e impregnado pela prata (Gomori-metenamina-prata – GMS). A distribuição das frequências de variáveis independentes foi avaliada pelo teste Qui-Quadrado e das variáveis dependentes dicotômicas pelo teste de McNemar. Foi adotado 5% de probabilidade de erro. Das amostras obtidas antes dos protocolos experimentais, 67% (12/18) e 70% (7/10) apresentaram cultivo fúngico positivo para os grupos tratado e controle, respectivamente (P>0,05). Dessas, 67% (8/12) apresentaram cultura fúngica negativa após o tratamento com ozônio (P<0,05), diferente do grupo controle. Entretanto, não foi visualizada a presença de fungo em nenhuma das lâminas obtidas a partir da biópsia endometrial, independente da coloração utilizada. Diante dos resultados obtidos, concluiu-se que o ozônio teve efeito positivo para redução da contaminação fúngica local, embora as colorações PAS e GMS tenham apresentado baixa sensibilidade para identificação de estruturas fúngicas no endométrio de éguas acometidas. |