Resumo |
O último relatório do IPCC revelou um aumento de 1,1°C na temperatura média da superfície da Terra em relação ao período pré-industrial. Esse aquecimento global traz diversos riscos aos ecossistemas, como o aumento de eventos extremos e ondas de calor, além de ameaçar a disponibilidade de energia, afetando o conforto e a eficiência energética das edificações. No Brasil, o setor de construções escolares consome menos energia em comparação com outros países, mas regularmente se deve ao desempenho térmico deficiente, que tende a piorar com as mudanças climáticas. Destarte, busca-se desenvolver uma metodologia que integre tecnologias prediais passivas e ativas de baixo consumo energético, visando melhorar o conforto térmico e aumentar a eficiência energética como alternativa ao uso de ar-condicionado em salas de aula. Tal iniciativa considera tanto a viabilidade técnica quanto econômica do retrofit de um edifício escolar representativo para o Brasil, levando em conta as projeções das mudanças climáticas. A pesquisa, em andamento, tem uma abordagem exploratória, com métodos quali-quantitativos, incluindo procedimentos experimentais e revisão bibliográfica. A primeira etapa consistiu em uma revisão de literatura para fundamentar a escolha de um arquétipo representativo de edificações escolares brasileiras e das tecnologias a serem avaliadas por simulação em um cenário de mudanças climáticas. Na escolha do arquétipo, foram levantados os trabalhos de Geraldi (2021) e do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), que desenvolveram benchmarks de consumo de energia para edifícios escolares no país. Para a escolha das tecnologias, está sendo realizada uma revisão integrativa de literatura, a partir de palavras-chave, nas bases de dados Scopus e Science Direct, considerando o período de 2018 a 2023. Inicialmente, foram levantados 147 trabalhos que abrangeram todas as zonas climáticas de Köppen-Geiger. Como segundo filtro, considerou-se na revisão apenas os trabalhos que investigaram escolas localizadas nas zonas de clima tropical (A), árido (B) e temperado (C), que abrangem todas as regiões do país segundo a classificação climática atual e projeções futuras - totalizando 137 publicações. A etapa atual da pesquisa consiste na leitura dos artigos para extração de dados relativos ao dimensionamento e resultados de desempenho obtidos pela aplicação das tecnologias. A partir desta revisão, serão selecionadas as tecnologias de melhor desempenho para serem testadas, por simulação, no arquétipo selecionado na revisão. Espera-se identificar, para diferentes climas do Brasil, quais foram as combinações de tecnologias e de parâmetros de dimensionamento que proporcionaram o maior percentual de horas em conforto térmico, o menor consumo de energia em relação a um caso base com aplicação de ar-condicionado nas salas de aula, e as alternativas economicamente viáveis. |