Resumo |
O adultocentristmo é definido como a prática social que valoriza a cultura, a ideologia e ações exercidas pelos adultos frente à perspectiva da criança. Frequentemente, as crianças são vistas como um "vir a ser", uma fase transitória, uma busca do que será quando crescer. Neste contexto, as crianças tornam-se consumidoras do mundo adulto e, acabam não produzindo a cultura infantil e pouco buscam a identidade como sujeito histórico. Em espaços escolares, o uso de aulas dirigidas pelo conteúdo reflete uma valorização do programa construído pelo adulto. O protagonismo discente é o termo relativo à abordagem de ensino que vincula-se à efetiva participação dos alunos no seu desenvolvimento, bem como a (re)solução de situações e problemas cotidianos. O presente trabalho tem como objetivo, por meio de revisão de literatura, propor reflexões sobre estratégias pedagógicas com foco no desenvolvimento do sujeito-criança e suas particularidades e estimular que educadoras e educadores incluam, na rotina escolar, ações que promovam o protagonismo discente e fortaleça a cultura infantil nos espaços escolares. Foram pesquisados artigos científicos e textos científicos nas bases de dados Pubmed e Scielo, com os seguintes descritores ou palavras-chave: educação não adultocêntrica, protagonismo discente e professor mediador. Foram encontrados 34 artigos que encontraram o critério de inclusão (pertinência ao tema e disponibilidade integral e gratuita) e passaram pelo critério de exclusão (uso de pesquisas experimentais, artigos em línguas estrangeiras que não a inglesa). Estes artigos compuseram o corpo deste trabalho. Para adotar uma abordagem protagonista na infância é necessário compreender que o conhecimento pode emanar das crianças, em suas múltiplas linguagens. O adulto deve se colocar em um papel de mediador-observador e, apresentar às crianças, possibilidades de aprendizagem, ferramentas e materiais para que elas possam, de sua maneira, criar, inventar e conhecer, buscando solucionar situações e problemas cotidianos. As neurociências trazem embasamento científico-teórico para esta proposição, no que abarca o funcionamento cerebral em prol da aprendizagem. Estudos relatam que quanto mais ativo for o indivíduo em relação à atenção, motivação e desempenho da tarefa a ser aprendida, maior o grau de retenção, memorização e aprendizagem do conteúdo relevante ao aprendiz. Desta forma, proporcionar trilhas e oficinas com diferentes propostas de aprendizagem, promover o uso de diferentes materiais, socialização das produções feitas pelos aprendizes, dar autonomia, voz e promover uma escuta ativa são estratégias eficazes para aprimorar a aprendizagem. Conclusão: em uma sociedade tecnológica e cada vez mais conectada, promover o protagonismo discente se torna fundamental para o desenvolvimento de cidadãos críticos e reflexivos. |