Resumo |
Microalgas são organismos aquáticos microscópicos, com capacidade para realizar a fotossíntese e acumular biocompostos, como proteínas e lipídios. Destacam-se pelo potencial de aplicações e de agregação de valor em cadeias produtivas de diferentes setores, do alimentício ao energético. Para extrair os biocompostos intracelulares da biomassa microalgal deve-se romper as paredes das células. Assim, a ruptura celular, uma das primeiras etapas do processamento de microalgas, é essencial na biorrefinaria dos metabólitos microalgais por facultar o acesso de solventes às biomoléculas e, posteriormente, permitir separá-las da biomassa. Entre os métodos de quebra celular mecânica sobressaem-se a moagem em moinho de bolas e a homogeneização de alta pressão. As células em suspensão são submetidas a forte agitação na presença de pequenas esferas, na moagem, e a forte tensão cisalhante durante o escoamento por um pequeno orifício, na homogeneização. Assim, neste trabalho foi simulado o rompimento celular de T. obliquus por meio do moinho de bolas e do homogeneizador de alta pressão. Para um melhor entendimento da ruptura celular e avaliar as diferentes condições da sua operação, essa etapa foi simulada no simulador de processos SuperPro Designer®. As propriedades termo-físicas das suspensões de microalgas alimentaram os dados de entrada do simulador. O calor específico e a densidade foram determinados pela técnica de calorimetria e em densímetro digital, respectivamente. A condutividade térmica e a difusividade térmica foram calculadas com base na composição centesimal da T. obliquus. Para a topologia adotada, um conjunto de 28 ensaios experimentais com seus respectivos percentuais de extração de lipídios foram utilizados para validar a simulação. No moinho de bolas, as variáveis para validação foram o tempo de residência no equipamento (3,79; 10; 25 e 40 min.) e a massa de microalga alimentada (4,76; 6,00; 9,00; 12,00 e 13,24 g). No homogeneizador as variáveis foram a pressão de operação do equipamento (250, 300, 350 bar), a concentração de biomassa alimentada (1,0; 1,5; 2,0% m/v) e número de passes no equipamento (5, 15, 25). Obteve-se, portanto, uma faixa de valores de 0,0099 a 0,0815 min-1 e 2,411 a 2,779 para os parâmetros de extensão do rompimento celular, κ e α, responsáveis por correlacionarem o tempo de moagem e o binômio pressão-número de passes com o percentual esperado de lipídios liberados no rompimento simulado do moinho de bolas e do homogeneizador, respectivamente. Não se constatou influência da massa de microalga e nem da concentração nas condições estudadas. Por fim, tais resultados evidenciaram a aplicabilidade da simulação da operação unitária como uma forma de se obter dados de rompimento, evidenciando um caminho fundamentado para novos cenários de operação a fim de alcançar condições ótimas para a ruptura celular da T. obliquus utilizando o moinho de bolas e o homogeneizador de alta pressão. |