Resumo |
O câncer está entre as doenças mais temidas pela população devido à sua associação com a baixa expectativa de vida, além de seu diagnóstico resultar normalmente em uma série de desestruturações tanto para o paciente quanto para o seu grupo familiar. Dessa forma, muitos pacientes, por motivos diversos, optam por abandonar o tratamento. Assim, este estudo teve como objetivo conhecer o perfil de pacientes oncológicos da região imediata de Viçosa, MG, que deixaram de realizar o tratamento pelo fato de ser realizado fora da cidade em que residem. Trata-se de um estudo longitudinal e descritivo com amostragem probabilística intencional de natureza quantiqualitativa. A população foi composta por pacientes oncológicos dos dez municípios da região imediata de Viçosa que participam do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Microregião de Viçosa (CIS-MIV) e que não realizaram ou abandonaram o tratamento entre 2010 e 2019. A amostra foi constituída por 58 pacientes que buscaram atendimento assistencial. Os dados secundários foram obtidos nos Registros Hospitalares do Câncer (RHC). No que diz respeito ao processamento e à análise, utilizou-se o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS versão 22). Identificou-se que 28% dos pacientes deixaram de realizar o tratamento por ser realizado fora da cidade de residência, sendo 55,2% homens, 53,4% casados, 44,8% pardos e 43,1% brancos. Quanto à faixa etária, 50% tinham entre 20 e 59 anos, e 43,1% tinham 60 anos ou mais. Em relação à escolaridade, 46,6% possuíam ensino fundamental incompleto. Buscou-se também conhecer o número de pacientes por cidade que optaram por não realizar o tratamento, sendo Viçosa a que apresentou o maior número de pacientes que não aderiram, ao contrário de pacientes de Amparo do Serra e São Miguel do Anta, que foram os que mais aderiram. Identificou-se que, a partir de 2014, houve aumento no número de pessoas que deixaram de fazer o tratamento por ser fora do município de residência. Portanto, conclui-se que a desistência do tratamento devido ao fato de ser realizado fora da cidade de residência pode ocorrer em qualquer idade, com pessoas de qualquer nível de escolaridade, de todas as raças e independentemente do sexo. Sendo assim, é imprescindível conhecer profundamente o perfil desses pacientes, bem como mapear as variáveis que estejam associadas a essa decisão, a fim de propor medidas e políticas públicas que possam ampará-los e, dessa forma, evitar a interrupção do tratamento do câncer e, consequentemente, aumentar a sua sobrevida. |