Resumo |
Ao longo de um pouco mais de três décadas em atividade, o Grupo Entre Folhas - Plantas Medicinais/UFV (GEFPM), vem consolidando ações de ensino, pesquisa e extensão com enfoque sustentável, práticas de autocuidado da saúde e qualidade de vida, em diálogo com saberes tradicionais e acadêmicos. Assim, em 2021, o GEFPM, propõe a criação do Acervo Biocultural, em diálogo com professoras/es, estudantes e mestras/es dos saberes tradicionais a partir da importância da formação em diversidade biocultural, nas universidades, escolas e demais espaços. O termo “Acervo” foi adotado como sinônimo de coleção de caráter bibliográfico, artístico, fotográfico, científico, histórico, documental, misto ou qualquer outro. A palavra “Biocultural” se refere a memória biocultural como o complexo originado historicamente e que é produto de milhares de anos de interação entre as culturas e os ambientes naturais. Para tanto, diferentes grupos foram articulados dentro do Acervo Biocultural para discutir e produzir materiais de registro, conforme as demandas trazidas nas reuniões mensais do Acervo, por comunidades e grupos tradicionais. Além da Instalação Artístico Pedagógica organizada em uma das salas da casa sede do GEFPM abrigando diversos registros de memórias e conhecimentos tradicionais, o Acervo Biocultural também atua na produção de diversos materiais didáticos visando a educação do campo e intercultural, disponibilizados em canais gratuitos. Além disso, o Acervo Biocultural também visa apoiar as comunidades em suas demandas específicas no que se refere à reconhecimento, consentimento prévio, conservação dos territórios, dentre outros, por meio da construção de protocolos comunitários bioculturais. Estes, são documentos gerados junto às comunidades tradicionais visando registrar e resguardar seus ofícios e saberes, bem como de conservar os ambientes e a biodiversidade. Atualmente, o Acervo Biocultural apoia a elaboração de quatro protocolos bioculturais, sendo um deles desenvolvido na Comunidade Carangolinha de Cima, do município de Divino - MG. Para tanto, estão sendo realizados encontros na comunidade, orientados por metodologias populares e participativas. Cada encontro tem objetivo de resgatar informações sobre 4 temáticas: I. História da Comunidade e da Família; II. Saberes e Plantas Medicinais, III. Agricultura Familiar e Agroecologia; IV Cultura, anúncios e denúncias. As informações são registradas em forma de áudios, vídeos e anotações, que serão sistematizadas para compor o protocolo comunitário biocultural da comunidade Carangolinha de Cima. Assim, pretende-se (re)construir a história e salvaguardar os direitos consuetudinários dessa comunidade, ou seja, seus modos de vida, cosmovisões, costumes e tradições. Os protocolos bioculturais são apontados como caminho de contribuir com a construção de políticas públicas que prezam pela qualidade de vida, saúde e sobrevivência das populações tradicionais em seus territórios. |