Resumo |
INTRODUÇÃO: Os efeitos do stress na ingestão alimentar podem estar relacionados a perturbações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que quando ativado, resulta na secreção de cortisol, um glicocorticóide que estimula o apetite e aumenta a ingestão de alimentos altamente palatáveis. O cortisol, hormônio do stress, serve como um marcador precoce da sensação de perda de controle sobre a alimentação, podendo, portanto, influenciar o comportamento alimentar. OBJETIVO: Avaliar a associação entre os níveis de cortisol plasmático e o comportamento alimentar de mulheres com obesidade. MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal realizado com 149 mulheres adultas com obesidade, recrutadas no município de Viçosa, para participarem de um estudo de intervenção maior, denominado NutrirCom. O cálculo amostral considerou o número de mulheres com obesidade acompanhadas pelo SISVAN em 2021. As participantes responderam ao Questionário Holandês de Comportamento Alimentar(em dimensões restrição alimentar; a ingestão emocional; e a ingestão externa). Foi realizado exame bioquimico para dosagem de cortisol basal, em até duas horas após o horário habitual de despertar. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV (CEP nº 5.693.565/2022). As participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A normalidade das variáveis foi analisada pelo teste Kolgomorov-Smirnov e a associação feita pela correlação de Spearman, utilizando o software SPSS versão 20.0, adotando-se como nível de significância estatística α = 0,05. RESULTADOS: A média de idade, Índice de Massa Corporal e de cortisol basal das participantes foram 38,04 anos (dp=10,78), 36,7 (dp=5,21) Kg/m2, 15,077 μg/dL, respectivamente. Foi observado que 23,9% dos participantes apresentaram o estilo restritivo predominante, 37,6% apresentaram o estilo de ingestão externa predominante e 38,5% apresentaram o estilo de ingestão emocional predominante. Houve uma correlação positiva entre cortisol e comportamento de ingestão emocional (p = 0,021) e cortisol e comportamento de ingestão externa (p = 0,011). Não houve associação entre níveis de cortisol e comportamento de restrição alimentar (p = 0,453). CONCLUSÃO: Em condições de stress a adesão a um controle alimentar pode ser dificultado, uma vez que a função racional pode ser inibida, quando a emocional predomina e desinibe o comportamento alimentar. Níveis de cortisol aumentados também contribuem para aumento do estilo de ingestão externa, inibindo a capacidade de identificar de modo adequado as necessidades físicas, sendo mais facilmente influenciada pelos estímulos externos do que pelos sinais de fome ou saciedade. |