Resumo |
Projetos de recuperação de áreas degradadas tem exigido cada vez mais mudas de árvores para as práticas de campo. Esta demanda tem aumentado a produção nos viveiros e, consequentemente, o uso de fertilizantes nessas áreas. O nitrogênio é um dos principais nutrientes exigidos pelas plantas, com grande impacto nas fases iniciais de crescimento e para se alcançar maior produtividade. Entretanto, para árvores nativas pouco ainda se domina acerca das demandas e práticas de fertilização mais adequadas, o que é especialmente importante para o nitrogênio, dado seu uso constante na produção de mudas. A adubação de N é normalmente oferecida na forma de fertirrigação o que, associada ao uso de substratos com alta porosidade e baixa capacidade de retenção, implica em aplicações sucessivas e frequentes. Disto resulta uma frequente e crescente adição indireta ao solo dos viveiros, com potencial comprometimento da qualidade do solo e das águas subsuperficiais dessas áreas. Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar os teores de nitrogênio no perfil do solo de viveiros de produção de mudas. Amostras de solo foram coletadas de 0 a 10 cm; 10 a 20 cm e de 20 a 40 cm de profundidade em três viveiros florestais da região de Viçosa, todos construídos na mesma posição da paisagem e com solos semelhantes. Em cada viveiro foram coletadas amostras no berçário e na área de espera, além de uma área de mata próxima utilizada como referência. A adubação em todos os viveiros é realizada por meio de fertirrigação com fertilizantes comerciais NPK 6-30-6 na área berçário e 20-0-20 na área de espera. As amostras foram encaminhadas para o laboratório para as análises de N-total. Os dados obtidos indicaram que, em apenas um dos viveiros, houve movimentação significativa de N no perfil do solo, mais especificamente da camada de 0 a 10 para a de 10 a 20 cm de profundidade. Este mesmo viveiro foi onde se observou diferenças entre os teores de N das áreas de produção de mudas e a área de referência. Nos outros dois viveiros não se verificou diferenças de N total nos solos da área de produção e da mata. Os resultados obtidos sugerem que a potencialidade de contaminação de solos em subsuperfície por excesso de N está mais associada à forma de condução da fertilização do que com a quantidade de adubo aplicado, tendo em vista que o histórico de uso das áreas, a produção de mudas e a fertirrigação nos três viveiros é muito similar. |