Resumo |
As redes neurais artificiais (RNA’s) podem aprender a relação entre entradas e saídas com base nos dados de treinamento, possibilitando a identificação de relações em fontes de dados complexas como a vida de prateleira de produtos a partir de métodos acelerados. Esses testes visam reduzir custos e tempo despendido nas análises que utilizam condições convencionais de armazenamento, sobretudo para produtos com elevados prazos de validade. A temperatura pode afetar uma série de reações indesejáveis, como a formação de Hidroximetilfurfural (HMF). O HMF é um composto furânico que pode ser formado pela desidratação das hexoses em pH ≤ 5 ou como um composto intermediário da reação de Maillard. O HMF é um componente que ocorre naturalmente no mel in natura, sendo utilizado como um parâmetro para avaliar a sua qualidade. A legislação brasileira estabelece um limite máximo de 60 mg HMF/kg mel, pois o HMF pode ser convertido em 5-sulfoximetilfurfural, que é genotóxico e carcinogênico. Logo, o objetivo desse projeto é determinar a vida de prateleira de mel in natura por método acelerado utilizando RNA’s para a sua predição. O teor de 5- Hidroximetilfurfural (HMF) foi o índice de perda de qualidade utilizado e a vida de prateleira foi considerada com o tempo necessário para atingir a concentração de HMF limite estabelecida na legislação. O banco de dados foi baseado no experimento realizado em DIC, em esquema fatorial 3 x 7 (temperaturas 45, 55 e 65°C e 7 tempos de armazenamento), com três repetições. A análise de teor de HMF foi realizada a cada 96/72 h para a temperatura de 45 °C, 24 h para 55 °C e 12 h para 65 °C até atingir a concentração limite. O banco de dados foi formado a partir da vida de prateleira obtidas por meio de modelo de Arrhenius entre temperaturas de 15 a 65°C, em intervalos de 0,1, com energia de ativação (Ea) de 29349,25 cal/mol. Para a análise das diferentes topologias de RNA’s, foi utilizado o software JMP 17, o número de neurônios na camada oculta variou de 2 até 20, a camada de entrada apresentou um neurônio (temperatura) e camada de saída também um neurônio (tempo de vida de prateleira). Foi utilizado o método de validação holdback (validação cruzada) em que a fase de treinamento das redes possuiu 75% dos dados e a fase de teste possuiu 25% dos dados. Diante disso, a melhor topologia de RNA obtida apresentou 10 neurônios na camada oculta. O R2 da etapa de treinamento foi igual a 1 e RASE igual a 9,69x10-06. Já a etapa de validação teve um resultado de R2 igual a 1 e RASE igual a 1,07195x10-05. Diante do exposto, a utilização de RNA’s se mostrou efetiva na determinação da vida de prateleira de méis em diferentes condições de temperatura de armazenamento a partir de resultados de métodos acelerados, utilizando o HMF como fator de perda de qualidade. Esses resultados podem ser utilizados como ferramenta de otimização nos processos de beneficiamento e de armazenamento de méis em diferentes temperaturas. |