"Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável"

24 a 26 de outubro de 2023

Trabalho 18541

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática História
Setor Departamento de História
Bolsa Não se Aplica
Conclusão de bolsa Não
Primeiro autor Kerollen Karoline Pereira de Souza
Orientador LUIZ LIMA VAILATI
Título “Santa princesa Isabel”: Memórias e Narrativas em Disputa
Resumo A presente pesquisa tem por objetivo entender a construção histórica sócio-político-cultural e narrativa que fundamentou a tentativa de beatificação da Princesa Isabel do Brasil, também conhecida como “A Redentora”, em um período de mudanças de narrativas historiográficas e expansão de estudos sobre a temática de escravidão no Brasil-colônia, ocorridas entre a última década de XX, e as primeiras duas décadas de XXI. O processo de canonização foi formalizado em 2011 pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, e contou com a ajuda, fundamental e emblemática, de Hermes Rodrigues Nery, Arcebispo Dom Orani João Tempesta, e do autodenominado “príncipe” Dom Antônio João de Orléans e Bragança. Observamos que a tentativa de santificação tratou-se de uma mobilização de cunho político-religioso-reacionário, e envolveu setores mais conservadores da Igreja Católica, anti-progressistas, movimentos pró-monarquistas e organizações “pró-vida”. As várias narrativas por trás desse processo giram em torno da santidade da princesa, heroicizada pelo ato abolicionista e por sua fé católica. Sua figura é celebrada como santa “redentora” do povo preto, e sua “bem-aventurança” estendida à defesa da vida contra o aborto. Não obstante, a narrativa de pleito à beatificação usa como importante argumento as festas de 13 de Maio, que acontecem anualmente no Bairro do Quilombo do município de São Bento do Sapucaí/SP. Pretende-se, com isso, defender a aceitação social e cultural em torno da figura— aqui santificada— “Santa Princesa Isabel”. Em contrapartida, temos um cenário historiográfico que busca erguer novas memórias à história brasileira, com representantes populares que por muito tempo foram invisibilizados pela chamada “História Oficial” brasileira, por exemplo Zumbi dos Palmares. Essas novas narrativas tiram de Isabel a heroicidade e o protagonismo no ato abolicionista, e fortalecem a memória de luta desses outros personagens pela libertação escravagista. Surge, assim, um cenário brasileiro marcado pela disputa narrativa de uma história oficial contra uma história dos invisibilizados, onde o processo de beatificação de Isabel pode ser entendido como uma luta reacionária pelo fortalecimento da memória oficial e monarquista contra novas memórias nacionais, movimentos democráticos e progressistas. Nossa pesquisa empírica é fundamentada no recurso a documentação pública sobre a vida da Princesa Isabel, matérias de imprensa, bibliografias e dados coletados na internet.
Palavras-chave disputa de Memórias e narrativas, Princesa Isabel, História do Brasil
Forma de apresentação..... Painel
Link para apresentação Painel
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