Resumo |
O vírus mayaro (VMAY) é um arbovírus amplamente distribuído nas regiões tropicais da América do Sul, incluindo o Brasil. Classificado no gênero Alphavirus e pertencente à família Togaviridae, o VMAY compartilha semelhanças genéticas com outros vírus, como o vírus chikungunya, e apresenta semelhanças em seu ciclo epidemiológico com o vírus da febre amarela. A transmissão ocorre, principalmente, por mosquitos do gênero Haemagogus, embora mosquitos dos gêneros Aedes, Culex e Sabethes também possam ser encontrados infectados. Apesar de ser, historicamente, detectado na região norte do Brasil, principalmente durante epidemias de febre amarela, casos de infecção pelo VMAY vêm sendo cada vez mais reportados em outras regiões do país, incluindo áreas com grande concentração populacional. A expansão desses vetores em áreas urbanas aumenta o risco de introdução do vírus em regiões anteriormente não endêmicas, ressaltando a importância de entender a epidemiologia, a distribuição geográfica e o impacto do VMAY na saúde pública e nos animais silvestres. O principal objetivo deste trabalho é evidenciar a exposição ao VMAY de saguis híbridos de vida livre (Callithrix) de Viçosa, Zona da Mata de Minas Gerais. Amostras de soro de 38 animais capturados pelo Centro de Conservação de Saguis-da-Serra da Universidade Federal de Viçosa (CCSS-UFV) foram submetidas ao teste de neutralização por redução de placas (PRNT) para detecção de anticorpos neutralizantes específicos. No Laboratório de Virologia Veterinária de Viçosa (LAVEV) da UFV, as amostras de soros foram inativadas por calor e submetidas a uma triagem por PRNT para VMAY em placas de seis poços de células Vero. Todas as amostras apresentaram títulos de anticorpos neutralizantes <10 e, portanto, consideradas soronegativas. Esses resultados sugerem que os saguis híbridos de uma área de Zona da Mata antropizada de Minas Gerais não foram expostos ao VMAY até o momento da coleta, ou que o tempo decorrido desde a exposição foi insuficiente para desencadear uma resposta humoral detectável. O presente trabalho corrobora a importância de estudos de vigilância epizootiológica ativa, que podem contribuir para a detecção oportuna da emergência ou reemergência de arbovírus enzoóticos de áreas indenes no país. |