Resumo |
Introdução: A avaliação de um indivíduo sobre o seu estado de saúde bucal está associada à condição objetiva da saúde oral e à sua funcionalidade, mas também leva em conta valores culturais e sociais que atravessam a pessoa e o grupo em que está inserido. Essa autoavaliação reflete a qualidade de vida e, dessa maneira, pode ser um elemento chave na compreensão dos impactos da saúde no indivíduo e na comunidade, auxiliando na tomada de decisão clínica e na formulação de políticas públicas que tenham o bem-estar da população como meta. Objetivo: Estimar a prevalência de uma autoavaliação da saúde bucal negativa em adolescentes brasileiros de 15 a 19 anos residentes na região Sudeste do Brasil, e investigar as associações desse agravo com condições clínicas, demográficas, socioeconômicas, de autopercepção e com a utilização de serviços odontológicos. Metodologia: Para atingir os objetivos propostos, foi realizado um estudo observacional analítico transversal utilizando dados secundários da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – Projeto SB Brasil 2003, inquérito de base populacional com amostragem representativa e constituída por brasileiros residentes em área urbana. O desfecho foi a insatisfação com a saúde bucal, sendo as variáveis exploratórias a renda familiar, sexo, idade, necessidade autodefinida de tratamento, autopercepção da aparência dos dentes/gengivas, agravos bucais (oclusopatias, cárie dentária, perda dentária devido à cárie, sangramento gengival, fluorose, presença atual de dor de dente) e o tempo decorrido após a última visita ao dentista. Realizaram-se análises de regressão de Poisson simples e múltipla com variância robusta. Resultados: A prevalência da autoavaliação negativa foi de 41.38% na população estudada (n=2895). No modelo final, completo e ajustado, ter idade entre 18 e 19 anos, sentir a necessidade de tratamento odontológico, estar com dor de dente, ter dentes cariados, ter uma percepção negativa da aparência dos dentes/gengivas e não comparecer ao dentista há mais de um ano permaneceram positiva e significativamente associadas à pior autoavaliação da saúde. Conclusão: O presente estudo demonstrou uma alta prevalência da autoavaliação negativa da saúde bucal no adolescente, associando-se a fatores clínicos, demográficos, socioeconômicos, de autopecepção e de utilização de serviços odontológicos. Os resultados contribuem para a inclusão da autoavaliação da saúde bucal do adolescente nos indicativos de necessidade de tratamento odontológico e na formulação de políticas públicas que visam promoção de saúde. |