Resumo |
Dialogar sobre a vida através da escuta das/os mestras/es dos saberes tradicionais, em diálogo com a ciência e a formação de professores, tendo como referência a educação popular, é de extrema importância - ainda mais dentro do campo educacional - para construção do ensino mais igualitário. Com iniciativa do Grupo Entre Folhas em 2021, iniciou a construção coletiva do Acervo Biocultural junto às/aos mestras/es de comunidades e grupos tradicionais. O espaço físico do Acervo é estruturado para receber visitantes e tornar-se um espaço consolidado de formação em educação intercultural. O projeto teve por objetivo analisar como a temática da diversidade biocultural é tratada nos cursos de licenciatura da UFV e entender as contribuições do Acervo Biocultural na formação de professores. Sendo assim, a pesquisa se faz importante ao identificar como se dá a formação de futuros professores à uma educação intercultural. As metodologias foram: 1)Pesquisa Documental, usando como fonte a matriz curricular e o programa analítico das disciplinas de todos os cursos de licenciatura da UFV; 2)Análise de Conteúdo das informações provenientes do questionário digital enviado aos estudantes do último período dos cursos de licenciatura da UFV, a fim de identificar sua caminhada pessoal e de formação dentro da Universidade; e das informações resgatadas pelo formulário de avaliação do Acervo como espaço educativo, aplicado aos licenciandos, que foram convidados previamente a visitarem este local. Além disso, foi realizada a relatoria das reuniões mediadas do Acervo Biocultural. Foram analisados 16 cursos de licenciatura, identificando nas matrizes curriculares que a temática da diversidade biocultural e abordagens correlatas estão presentes, principalmente, dentre as disciplinas optativas. Referente às obrigatórias, 10 cursos apresentam esta temática, sendo destaque a Licenciatura em Educação do Campo. Os outros 6 cursos não apresentam tal abordagem, como os cursos de Física e Química noturno, o que dificulta a pluralidade na formação desses futuros professores, desfavorecendo o olhar mais inclusivo e sensível para o processo de ensino e aprendizagem. As poucas visitas ao espaço físico do Acervo (2 respostas ao formulário) e a não adesão aos questionários (5 respostas), permite inferir sobre a não abertura desses estudantes para esta formação plural. Avalia-se o potencial do Acervo como espaço educativo, com abordagem de diversas temáticas interculturais e de diálogo e acolhimento de demandas comunitárias para construção de Protocolos Bioculturais, sempre respeitando as comunidades tradicionais e as vivências dos indivíduos, além da participação de professores, licenciandos, mestras/es e representantes de grupos tradicionais (educadores populares). Ao final, sabe-se que esta pesquisa deve ter continuidade pois há expectativa de contribuir para uma educação mais inclusiva e popular, ampliando o campo de formação de professores/as. |