Resumo |
Introdução: A maioria dos quimioterápicos oferecem riscos à ocorrência de reações infusionais. A incidência e o perfil dessas reações variam conforme as características farmacológicas de cada medicamento, podendo ou não ser imunomediadas. Objetivo: Identificar e caracterizar as reações adversas imediatas à infusão de quimioterapia (RAIIQ) em pacientes oncológicos ambulatoriais. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, observacional, com uma abordagem retrospectiva e prospectiva, realizado entre março/2021 a agosto/2022, incluindo pacientes ambulatorias adultos em tratamento com quimioterápico intravenoso no Hospital do Câncer de Muriaé (HCM) que apresentaram alguma RAIIQ notificada pela equipe assistencial. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa local (CAAE06213518.8.0000.5243). Foi implementada uma rotina onde a cada ocorrência de reação imediata a equipe de pesquisadores era acionada para avaliá-las e validá-las. Um pesquisador dirigia-se ao ambulatório e entrevistava o paciente com um formulário próprio, para obter informações sobre a RAIIQ. Outras informações foram levantadas em prontuário médico. As RAIIQ foram classificadas quanto à gravidade, de acordo com a Common Terminology Criteria for Adverse Events (CTCAE), e quanto à causalidade usando o algoritmo de Naranjo. As informações coletadas foram registradas em planilha eletrônica e analisadas por estatística descritiva. Resultados: Foram notificados 117 episódios de reações infusionais aos quimioterápicos, envolvendo 86 pacientes, sendo 81 (71%) do sexo feminino. Os principais quimioterápicos envolvidos com as reações infusionais foram Paclitaxel (n=30; 26%) e Carboplatina (n=26; 22%). O seguimento mais frequentemente acometido foi o respiratório (n=91; 24,3%), especialmente com episódios de opressão na orofaringe (n=35; 38%). De acordo com o algoritmo de Naranjo, 66% (n=77) das RAIIQ tiveram como causa possível os quimioterápicos. O tempo médio entre a infusão e o início das reações foi de 21 minutos, sendo a manifestação mais precoce com Ciclofosfamida (3 minutos), e a mais tardia com o Trastuzumabe (80 minutos). Em sua maioria, as reações foram classificadas como leves (94,9%), com sinais e sintomas já descritos em bases de dados (97%), e exigiram medidas corretivas (98%). Conclusão: Este trabalho identificou as principias reações imediatas à infusão em pacientes ambulatoriais do HCM, bem como os quimioterápicos envolvidos. A incidência das RAIIQ foi relativamente baixa, mas este conhecimento contribui para o manejo ainda mais seguro dos pacientes. |