Resumo |
Este relato tem por objetivo compartilhar a experiência de planejar e ministrar aulas de esportes não tradicionais na Educação Física escolar, mais especificamente do esporte de precisão bocha adaptada. As aulas foram realizadas no terceiro ano do Ensino Fundamental, numa escola estadual da cidade de Viçosa-MG, no ano de 2023. As atividades ocorreram no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), do núcleo de Educação Física, da Universidade Federal de Viçosa. Utilizou-se como fontes para este texto documentos como o plano de aula e, também, os registros escritos e de imagem das aulas previstos no subprojeto. Primeiramente foram realizadas consultas aos documentos normativos como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Currículo Referência de Minas Gerais. Com base no último, o conteúdo esporte de precisão foi estabelecido pelo supervisor. Atuando em trios, os bolsistas do Pibid pesquisaram e elaboraram os planos de aula. A coordenadora de área e o supervisor fizeram correções e deram sugestões antes da aplicação do plano. Na intervenção, iniciamos um resgate do conhecimento prévio dos alunos acerca da bocha. Como o esporte era bem desconhecido, foram introduzidas informações conceituais como história, regras e equipamentos do esporte. Em seguida, os alunos foram ensinados na prática como jogar a bocha adaptada, utilizando materiais alternativos como bolas de variados tamanhos e pesos e, também, tampinhas de garrafa como uma alternativa de reutilização das mesmas como implementos para a prática do esporte. Após os alunos compreenderem a dinâmica do jogo, foi realizada uma mini-disputa entre equipes. A cada jogo mudava-se o implemento com o objetivo de estimular a precisão por meio de diferentes materiais. Como resultados, foi constatado que a falta de espaço adequado e materiais específicos não são fatores que impedem o trabalho com a bocha adaptada na escola. Também foi constatado que os alunos não tinham nenhum conhecimento sobre a bocha, provavelmente pela pouca prática do esporte no Brasil, pouca divulgação na mídia e da escassez de espaços destinados à prática do esporte no país. Além disso, foi observado que os alunos estavam tão acostumados com esportes tradicionais que tiveram dificuldades no primeiro contato com a bocha. As crianças demoraram a entender que o vencedor não é quem lança a bola mais longe e sim quem lança a mesma mais perto do alvo. Por fim, nota-se que no terceiro ano os alunos aderiram à proposta de aprender um conteúdo novo, demonstrando prazer em adquirir habilidades. Por outro lado, apresentaram muitos comportamentos competitivos, demandando a intervenção sobre questões de fair-play, ética, etc. A Educação Física escolar deve diversificar os conteúdos, usufruindo dos avanços teórico-metodológicos da área, ampliando os saberes dos estudantes sobre as práticas corporais, suas vivências e sua formação ética e cidadã. |