Resumo |
A compreensão sobre a espécie humana e seu desenvolvimento é fundamental para entender o mundo moderno e propor possibilidades para o futuro. Esse é o foco das obras do historiador israelense Yuval Noah Harari. A trilogia Sapiens: Uma breve história da humanidade (2014), Homo Deus: Uma breve história do amanhã (2016) e 21 lições para o século 21 (2018), é um fenômeno editorial que alia humanidades, biologia, psicologia evolutiva e outras áreas de forma única. Com mais de 40 milhões de livros vendidos e traduzidos para 65 idiomas, Harari é lido, visto e ouvido globalmente. Nessa pesquisa, analisamos a Teoria da História de Harari e a metanarrativa que ele empreende, investigando seu sucesso editorial e o significado da “nova agenda humana” que orienta seu pensamento. Nosso objetivo é compreender a obra internamente e a sua recepção junto aos leitores. Para tal, lemos e debatemos os livros, utilizando também artigos e material digital. Verificamos que o elemento fundamental da Teoria da História de Harari é a intersubjetividade. Para o autor, a espécie humana é a única capaz de cooperar em grande número e de forma flexível porque inventa e compartilha ficções, como o dinheiro, as nações e os direitos humanos. A linguagem e as narrativas são o diferencial dos humanos que partem de realidades imaginadas para agir e transformar o mundo, ou seja, em uma visão harariana as ficções são o motor da história. A partir disso, ele afirma que o mundo contemporâneo consagra o humanismo e o liberalismo como valores éticos e religiosos. Se no passado, baseavam-se nas escrituras para tomar decisões, agora ouvimos o conhecimento e a nossa consciência. A autoridade passou do sagrado à ciência, e da coletividade ao indivíduo. No futuro, a cibernética e a biotecnologia criarão uma nova espécie: o Homo Deus, que levará a sociedade para uma divisão ainda mais profunda de suas desigualdades. Com as máquinas e a inteligência artificial, os postos de trabalho e as democracias estarão ameaçados. O mundo imporá, assim, desafios éticos profundos aos seres que produzem realidades intersubjetivas. O “dataísmo” se tornará a religião do futuro, na qual os dados terão autoridade sobre os atos e as imaginações das pessoas. A “nova agenda humana” coloca em pauta questões como as armas nucleares, as mudanças climáticas, a cibernética e a biotecnologia. Harari cruza milhares de anos de história com foco nas questões atuais, abordando-as com uma linguagem acessível ao grande público. Esse é um ponto alto da obra porque cria um nexo especial com os jovens do ensino médio. Com insights disruptivos, mas bem argumentados e exemplificados, Harari coloca o leitor dentro das narrativas. A partir da leitura, concluímos que a conexão dos livros, das palestras e entrevistas do autor com as questões trazidas dão um efeito inovador e original à teoria e ao historiador, fazendo-nos ver com outros olhos a prática e o campo da história. |