Resumo |
Introdução: O treinamento de força (TF) induz a adaptações neurais e estruturais no músculo esquelético, que podem traduzir-se em benefícios para a saúde como, melhora dos níveis de força muscular, aumento da capacidade funcional e da independência para realização das atividades da vida diária. Medidas de eletromiografia de superfície (EMG) têm sido utilizadas a fim de verificar essas alterações na ativação da musculatura, no entanto, não se tem conhecimento se o alongamento realizado previamente ao TF poderia influenciar, positiva ou negativamente, na eletrofisiologia muscular esquelética. Objetivo: Estabelecer o efeito crônico do trabalho de flexibilidade prévio ao TF reforçado excentricamente (TFRE) sobre a eletrofisiologia do músculo esquelético. Métodos: Foram avaliados 20 indivíduos do sexo masculino, com idade entre 18 e 24 anos, clinicamente aptos a prática de exercícios físicos, divididos aleatoriamente a duas condições experimentais: grupo TFRE (GTFRE) e grupo flexibilidade + TF (PFTF). Em ambos os grupos foram realizadas um total de 20 sessões de treinamento, 3 vezes por semana, com volume e intensidade progressivamente aumentados ao longo das sessões, utilizando a cadeira extensora com volantes inerciais. No PFTFRE, realizou-se previamente ao treinamento o alongamento pelo método passivo entre séries, com duração de 30s, para musculatura de quadríceps femoral (flexão do joelho). Para avaliar a eletrofisiologia muscular, foi utilizado a EMG, nos músculos reto femoral (RF), vasto lateral (VL) e vasto medial (VM), durante a realização de testes para avaliação de três manifestações da força muscular: força isométrica máxima (CVIM), força dinâmica máxima (1RM) e potência muscular (PM) à 40, 60 e 80% da 1RM. O tratamento estatístico constou do teste de normalidade de Shapiro Wilk, e das comparações intragrupo (pré x pós) e intergrupos (GTFRE x GFTFRE) por meio da análise multivariada da variância (MANOVA) para medidas repetidas, com nível de significância de p<0,05. Resultados: A execução do trabalho de flexibilidade prévio ao TFRE não induziu diferenças estatisticamente significantes na eletrofisiologia muscular (p>0,05), medida por EMG, nos músculos VL, RF e VM, quando esta condição experimental é comparada ao GTFRE. Por outro lado, para a potência muscular, há uma diminuição da RMS do RF e do VM, aumento da FM do VL e diminuição da FM do RF e do VM a 60% da 1RM, independentemente da realização do alongamento prévio ao trabalho de força. Além disso, a execução do trabalho de flexibilidade prévio ao TFRE promove diminuição da FM do VL e aumento da RMS do VM no teste de potência muscular à 80% da 1RM. Conclusão: O trabalho de flexibilidade prévio ao TFRE não induziu alterações na eletrofisiologia muscular medida por EMG, quando esta condição experimental é comparada o GTFRE, sugerindo que o alongamento realizado previamente ao TFRE parece não induzir a redução da capacidade de realização de trabalho durante o TFRE. |