Resumo |
Quando o aluno ingressa no curso superior, ele pode enfrentar diversos desafios em um processo de adaptação. Tais desafios dependem de como o estudante lida com a universidade, de suas habilidades interpessoais, do suporte familiar, do seu envolvimento com a graduação escolhida, dentre outros aspectos (MATTA; LEBRÃO; HELENO, 2017). Quando essa adaptação é difícil, o estudante pode ter estresse. Este processo de adaptação recebe o nome de vivências acadêmicas e envolve cinco dimensões: pessoal, interpessoal, carreira, estudo e institucional (ALMEIDA; SOARES; FERREIRA, 2002). Discentes que conseguem passar melhor por esse processo de adaptação apresentam menores níveis de estresse (SOUZA; MURGO; BARROS, 2021). A partir deste contexto, este estudo teve como objetivo analisar as vivências acadêmicas e o nível de estresse dos estudantes do curso de ciência da computação da Universidade Federal de Viçosa – Campus Florestal (UFV-CAF). Para tal foi realizada uma pesquisa de abordagem quantitativa e qualitativa. Os dados foram coletados aplicando o Questionário de Vivências Acadêmicas – versão reduzida (QVA-r) e a Escala de Estresse Percebido – Versão Reduzida (PSS-10) para 56 estudantes da ciência da computação, bem como realizando entrevistas em profundidade com três destes estudantes. Os dados foram analisados por estatística descritiva e análise de conteúdo. Em 2022, ano da coleta de dados, o curso de ciência da computação da UFV-CAF contava com 184 alunos regularmente matriculados. Os resultados obtidos classificam os estudantes da computação da UFV-CAF com 23,32 pontos, correspondendo a estresse. Esse estresse possui vários agentes estressores, no que diz respeito às vivências acadêmicas, tendo destaque: a sobrecarga das matérias acadêmicas, a distâncias entre os familiares, o gerenciamento do tempo, a pressão que colocam neles mesmos para realizarem regularmente todas as tarefas e o aumento da responsabilidade com o ingresso na universidade. Esses agentes são responsáveis por manter e gerar o estresse no dia a dia do discente de forma a afetar as situações de sua vida, como a pratica de atividades acadêmicas e sociais. Foi identificado também que os estudantes da ciência da computação da UFV-CAF não encontram formas de resolver esse estresse e usam estratégias para lidar com ele, como a realização de atividades de lazer. Conclui-se que esses discentes podem estar em uma situação de vulnerabilidade ao estresse na qual, em situações mais graves, podem vir a desenvolver outras patologias que prejudiquem ainda mais sua saúde mental. A gestão acadêmica do curso e da UFV-CAF devem pensar em práticas e políticas que ajudem a mitigar o estresse deste grupo de estudantes. |