Resumo |
O Brasil abriga a maior parte das espécies da família Bromeliaceae, sendo que 1155 espécies são endêmicas e 201 estão ameaçadas de extinção. Dentre essas, está Vriesea longistaminea, que é exclusiva de Minas Gerais e sua ocorrência se limita a 8 km² dentro da fitofisionomia Canga, próxima a capões de mata, no Campo Rupestre Ferruginoso, todos inseridos no Quadrilátero Ferrífero.A Canga é constituída de rochas ferruginosas sob a qual ocorre o minério de ferro cuja extração afeta substancialmente as populações dessa espécie. Assim, isso pode gerar fragmentação de populações e alterações no microclima de locais não antropizados, originando a degradação do habitat dessas espécies. Além dessa problemática, a espécie é relativamente rara, apresentando poucas populações com apenas alguns indivíduos. Essas ameaças condicionam a avaliação da espécie como “Criticamente em Perigo” (CR) na Lista Oficial da Flora Ameaçada do Brasil. Neste contexto, é imprescindível a propagação ex situ de Vriesea longistaminea e sua reintrodução na natureza, através de parcerias público-privadas, visando a manutenção dessa espécie no ambiente natural. Para tanto, inicialmente, foram feitas coletas de sementes na localidade-tipo, no município de Mariana-MG, assegurando, portanto, a variabilidade genética. Após a coleta das sementes, os estudos foram desenvolvidos na Unidade de Pesquisa e Conservação de Bromeliaceae (UPCB), localizada na Universidade Federal de Viçosa (UFV), e consistiu no acondicionamento das sementes em bandejas e germinação em incubadora. As plântulas foram mantidas nas sementeiras até o presente. A partir de setembro de 2023 serão realizados os transplantios para vasos plásticos de 0,5 litros, com substrato composto de canga nodular, brita zero e casca de pinus compostada Maxfertil. Após o plantio, as plantas serão submetidas à rustificação em condições de maior insolação e déficit hídrico, preparando-as para posterior plantio em campo, que será realizado por meio de parcerias científicas com empresas mineradoras. Futuramente, as mudas já rustificadas poderão então compor projetos de enriquecimento de flora ou restauração de habitats alterados por atividades humanas. |