Resumo |
As desigualdades no Brasil, tendo como principais as de classe, gênero e de raça, compõem injustiças que prejudicam a construção de uma sociedade com iguais oportunidades. Estudos sobre grupos minoritários revelam que a ausência de acesso a posições de poder, oportunidades e bens materiais, nos mostram a predominância de parcelas específicas no poder, enquanto as diferenças são usadas como justificativas para manter grupos minorizados afastados desses locais. Segundo Biroli e Miguel (2015), compreender a relação entre igualdade e diferença é crucial para a reflexão política. Nesse sentido, esta pesquisa de iniciação científica tem como objetivo analisar os planos de governo dos candidatos à presidência do Brasil em 2022, nos quais procuramos identificar como relações minoritárias foram tematizadas. Baseamo-nos dos estudos sobre o discurso político de Patrick Charaudeau (2008), assim como em seus conceitos sobre a Teoria Semiolinguística, dentre os quais destacamos as estratégias discursivas e os imaginários sociodiscursivos. Segundo Charaudeau (2017), as representações sociais que constroem significados sobre os objetos do mundo também geram conhecimentos e crenças, organizando-se em teorias, doutrinas ou opiniões presentes nos discursos políticos como estratégia para garantir credibilidade e identificação com os eleitores. Até o momento, as análises realizadas indicam que alguns programas políticos tematizam superficialmente questões relacionadas a grupos minorizados, de modo que tendem a seguir os vieses ideológicos dos partidos, buscando a credibilidade dos eleitores ideais para cada um. Os programas de partidos alinhados à esquerda foram marcados por propostas mais diversificadas; os planos de candidatos da direita mobilizaram construções universalizantes, nas quais prevalecem o uso do termo “todos” para as propostas. Já os candidatos de centro, mobilizam tanto imaginários conservadores quanto progressistas de forma mais branda.A análise realizada revelou que as temáticas minoritárias mais tratadas foram gênero, pessoas com deficiência e alguns debates raciais. E dentre os temas mais negligenciados estão as pautas indígenas, sexualidade e pessoas privadas de liberdade. |