Resumo |
As eleições presidenciais de 2022 foram marcadas pela polarização entre dois candidatos, Jair Messias Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Durante o período eleitoral, a disputa mostrou-se consistente no campo da moral. Neste sentido, Bolsonaro delineou seus discursos sob duas frentes: o combate à esquerda e ao comunismo, e a defesa da família tradicional cristã. Este trabalho teve como objetivo analisar como a “Folha Universal” se posicionava em relação a esses temas durante o ano eleitoral de 2022. Foram analisadas as matérias de todas as 44 edições publicadas de janeiro a outubro de 2022, com focos nos temas: comunismo, família e esquerda. Neste sentido, optamos pela utilização de métodos qualitativos, baseados na análise documental, leitura e fichamento das edições, e quantitativos, por meio do levantamento do número de vezes que os temas de interesse apareceram nas edições e, posteriormente, elaboração de um quadro. Nossa análise constatou que os temas foram muito recorrentes, especialmente nos editoriais do jornal, contidos na seção “Opinião”. A IURD tomou a esquerda, o petismo e o comunismo como inimigos a serem extirpados da sociedade, relacionando-os ao “imoral”, “inapropriado”, “ruim”, “perigoso” e “diabólico”. Concomitantemente, o semanário demonizava o Partido dos Trabalhadores e seu candidato à presidência, alegando haver uma incompatibilidade entre as pautas defendidas pela esquerda e as concepções centrais do cristianismo. Assim, cristianismo e petismo seriam inconciliáveis, afirmativa que buscava afastar fiéis do petismo. Durante todo o ano de 2022, o jornal manteve publicações relacionadas à defesa da família tradicional e à luta contra a “ideologia de gênero”, sobretudo nos períodos mais próximos às eleições. A justificativa para este combate se baseava na noção de que a família, considerada o núcleo da sociedade, estava ameaçada e perseguida, o que demandava uma luta constante, no plano físico e espiritual. Conclui-se que os temas tratados durante o ano de 2022 na “Folha Universal” se mantiveram em consonância aos ideais conservadores de Jair Bolsonaro. Evidenciamos que a igreja procurou legitimar seu posicionamento através de discursos moralistas, focados na defesa da família e no combate ao comunismo. O apoio a Bolsonaro foi demonstrado durante todo o ano eleitoral e no período pós eleições, momento em que a instituição lamentou, através do jornal, a vitória de Lula. |